quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Até para o ano...

É provavelmente o último post deste ano 2010 e a escolha recai em mais um dos "episódios" Playing for change. Imagine de John Lennon é aqui recriada de uma forma que o próprio certamente apreciaria, numa performance verdadeiramente intercontinental (este vídeo viaja pela Argentina, Brasil, USA, Holanda, Japão, Índia,Nigéria, Nepal, Mali, Gana e África do Sul) e universal, com a qual por certo JL sonhou ao escrever esta canção.  Neste fim-de-ano, é esta a minha mensagem...boa música, sonhos que nos façam caminhar, esperança em dias mais felizes e numa globalização mais humana e a eterna utopia da paz mundial!

Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Recomeça...

Reencontrei-o aqui e não resisti a partilhá-lo convosco...

"Recomeça...

Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances
Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças."

...um dos grandes (de tão simples) poemas de Miguel Torga.

sábado, 25 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Estado-eucalipto

José Miguel Sardica, professor da Universidade Católica Portuguesa, publicou na edição do Página 1 de ontem um artigo, intitulado "O Estado-eucalipto", que acho que vale a pena ler:

"Um dos “presentes” que o Governo deixou no “sapatinho” da Presidência este Natal é a lei que prevê a extinção de quase uma centena de contratos de associação (alguns com mais de 30 anos) celebrados com colégios privados, que recebiam ajudas financeiras estatais por suprirem carências da rede escolar pública em muitas zonas do país. Já inscrito no Orçamento de 2011 está o corte de 70 milhões de euros que determina o fim de muitos desses contratos ou, pelo menos,reduções de 20% a 30% do financiamento plurianual até agora dado à oferta escolar privada pelo serviço público que esta (também) prestava. Se a iniciativa legal passar, os orçamentos destes colégios sofrerão cortes drásticos, obrigando-os a fechar portas ou a introduzir/aumentar as propinas, em áreas de implantação geográfica onde – este é o pormenor decisivo – não há oferta escolar pública alternativa. Vou fingir que acredito que o fim do fi nanciamento desta oferta escolar privada é exclusivamente ditado pela crise vigente. Em vez dos actuais 120 mil euros por turma/ano gastos pelo Estado nestes contratos associativos a despesa poderia reduzir-se a uns 80 mil. O problema é que este valor fica, na maioria dos casos, abaixo do limiar de subsistência das escolas, o que comprometeria a viabilidade de muitas delas. O que quer então o Governo para poupar 70 milhões de euros: deixar muitas zonas do país, já de si pobres, sem escola? Ou gastar muito mais do que 70 milhões a construir de raiz escolas públicas para substituir as privadas que asfi xiou? E nem assim pouparia dado que, de acordo com a OCDE, cada aluno do ensino público custa ao Estado uns 5.200 euros/ano, enquanto o colega do privado custa 4.500 euros/ano. Como do ponto de vista económico a medida não se justifica, é muito possível que as suas razões sejam outras. O socialismo não gosta da iniciativa privada, e o socialismo português, na sua mais recente versão que olha para a sociedade civil como um perigoso campo de recrutamento de neo-liberais, gosta ainda menos.Um ensino estatizado, ou estatizante, é um ensino onde desaparece a liberdade de escolha e a concorrência saudável de projectos educativos, que neste caso até estimula as escolas públicas – que também as há muito boas e indispensáveis – a procurarem a excelência nos seus professores, pedagogias e alunos. Não há como não lembrar que as melhores escolas dos rankings educativos são privadas e que, prejudicandoas, o Estado está a castigar, e não a premiar, o mérito e o esforço. Esta medida, se passar, perpetua um traço negativo de muita da cultura política portuguesa que em certa esquerda, como no passado em certa direita, acha que os portugueses não devem existir fora dos tentáculos do Estado controlador, vigilante e paternalista. É a quadratura do círculo: o Governo insiste em ser quase monopolista onde não o deveria ser alegando que os privados não chegam ou não servem; mas a sociedade civil nunca chegará ou servirá de contraponto vitalista ao Estado enquanto o Governo não a deixar respirar. Na educação, como noutros domínios, o Estado português, pobre mas centralista, desorganizado, mas invasivo, não sabe o que é a subsidiariedade. Sobre a cidadania democrática e participativa, tem assim o mesmo efeito que os eucaliptos sobre os solos: seca tudo à sua volta."

Nota: a foto que ilustra este post é de alunos do Externato de Penafirme que, no passado mês de Novembro, se manifestaram contra a situação relatada no artigo, que atinge também a sua escola.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Então é Natal!

Tal como disse o ano passado e há dois anos atrás, uma das músicas que mais gosto de ouvir nesta quadra é Happy Christmas (War it´s over), um original de John Lennon. Este ano (para variar um pouquinho) deixo aqui a versão em português -com o inconfundível sotaque brasileiro- na belíssima voz de Simone, desejando a todos os que me lêem um Santo Natal, com tudo aquilo que gostávamos que fosse real o ano inteiro...
...e já que falamos em desejos - este mais material-  não me importava nada de, num dia 31 de Dezembro de qualquer ano vindouro, estar ao vivo na cidade maravilhosa que serve de cenário ao vídeo apresentado ;-) Quem sabe?!...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Exposição de presépios















          

Fotos: Carlos Tiago

Está patente até dia 8 de Janeiro, no antigo pavilhão desportivo do Stella Maris,
a Exposição de Presépios organizada pela Pastoral da Fraternidade. Estes são quatro dos presépios patentes na exposição, mas muitos outros podem ser apreciados ao vivo, dos mais tradicionais aos mais originais! Não deixem de ir até lá...                                                                   

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Poema de Natal

Veio junto com um belo texto sobre o Natal e os afectos, que um amigo muito querido partilhou com os seus amigos. E apesar de não concordar com o poeta na afirmação "Natal é quando um homem quiser" - porque o Natal é a festa que celebra o nascimento de Jesus Cristo que, simbolicamente*, se assinala a 25 de Dezembro e não numa outra data- e de saber que, na altura (1975), o poema foi escrito com uma certa intenção de dessacralizar o Natal, prefiro vê-lo como um alerta para a ideia de que os valores que o Natal nos recorda, e de que Jesus foi mensageiro, deveriam ser vividos todo o ano e sempre...porque, todo o ano e sempre, há pessoas, há família(s), há amigos e há a necessidade de estarmos atentos aos outros nas suas realidades mais infelizes (solidão, fome, desemprego, desunião, violência doméstica...).  Por isso, porque gostei de o reler, de bem escrito que é; porque infelizmente mantém toda a actualidade nas realidades para as quais nos desperta; e porque, vistas bem as coisas, é de valores evangélicos (outros chamar-lhes-ão valores comunistas) que fala...deixemos de lado qualquer tipo de pruridos e apreciemos o poema!

* Imediatamente após o solstício de Inverno, os romanos celebravam o renascer da luz: os dias começavam novamente a crescer e as noites a diminuir. Quando a data do Natal foi marcada pela Igreja, aproveitou-se a celebração desta festa pagã, e a ideia que lhe estava subjacente -a luz começava a vencer as trevas!-e, respondendo às questões: "Quem é a nossa luz? Quem ilumina a nossa vida?", foi escolhida esta data porque Cristo é, para quem Nele acredita, a "luz do Mundo".  Na verdade não sabemos a data exacta do nascimento de Cristo que, provavelmente, nem aconteceu em Dezembro.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Natal em versão digital!

Muito já devem conhecer mas não resisti a colocar aqui esta versão digital do Natal.  
Porque "Os tempos mudam...o sentimento continua o mesmo!" E a história mantém-se actual, em versão analógica ou digital! Muito bom ;)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Belém...em Belém!

Já há um presépio em renda de bilros no Palácio de Belém ;) Parabéns às manas Guilherme pela sua arte...
...o contentamento visível na foto é inteiramente justificado. Para saberem (e verem) mais, podem ir por aqui.

Pequeno apontamento...


...para a morte deste senhor. Infelizmente ela acontece de forma inesperada e leva do panorama jornalístico português um dos maiores divulgadores da cultura em Portugal.

O desafio da Esperança!

Hoje, reproduzo aqui um artigo publicado no Página 1- jornal online da Renascença- na sua edição de 14 de Dezembro. O texto, da autoria de Maria do Rosário Carneiro, intitula-se "O desafio da Esperança" e reflecte a opinião de muitos acerca do momento que o país vive.

"Neste tempo de Advento, o repto da esperança coloca-se de forma acrescida, interpelante, mais que nunca agitador de análises, comportamentos e acções. No entanto, para ter esperança é preciso acreditar, e para acreditar precisamos da verdade. Da verdade dos valores que nos orientam e aos quais somos fiéis, mas também da verdade dos factos, que nos esclarece e posiciona no contexto da acção necessária. Verdade que depende de cada um de nós, mas que exige também que quem gere a sociedade, administra recursos e acções seja verdadeiro com cada um de nós: para que possamos fazer parte, para que possamos analisar criticamente, para que possamos decidir de forma esclarecida e perspectivada o nosso futuro. Sacrifícios sem verdade são penalizações sem sentido onde é difícil encontrar o lugar da esperança. No passado domingo o átrio da Gulbenkian encheu-se de instrumentos musicais destinados a crianças de escolas moçambicanas para que estas pudessem também ter acesso à aprendizagem desta linguagem única que é a música. Fidelidade à solidariedade para com os mais desprovidos,esperança na verdade da proposta do projecto apresentado. No dia seguinte, o jornal “i”, ao mesmo tempo que desenvolvia os temas da nossa difícil actualidade, dos problemas dos nossos quotidianos e das dúvidas quanto aos nossos futuros,
interpelou-nos também com um número de factos positivos, em Portugal, estimulantes de uma postura mais afirrmativa e proactiva: narrativas de voluntariados possíveis, de descobertas indutoras de melhor saúde, de produções de grande qualidade. Num caso e no outro, o ponto de partida foi sempre a verdade dos factos sem a qual não se gera a confiança, nem se promove a esperança. A ausência de esclarecimento, impede o envolvimento e a co-responsabilização solidária,e contribui para uma percepção negativa e pessimista do porvir. E o que poderia ser desafio para a mudança, para a construção e para o crescimento, é pelo contrário promotor de desespero e fatalismo."

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Poema do Menino Jesus

E faltam só dez dias para a noite de Natal! Desejando a todos os leitores e amigos deste blogue um Santo Natal, aqui fica a poesia de Fernando Pessoa, maravilhosamente dita por Maria Bethânia, neste excerto do Poema do Menino Jesus.

"(...)A mim ensinou-me tudo.Ensinou-me a olhar para as coisas.Aponta-me todas as cores que há nas flores.Mostra-me como as pedras são engraçadas,quando a gente as tem na mão E olha devagar para elas(...)"

Outras histórias...

Hoje destaco o livro "Outras histórias", editado pela Caixa Geral de Depósitos, e que pode ser adquirido por 2€. Comprar este livro, numa das agências da CGD aderentes ou numa das lojas Pingo Doce, é uma das formas de se tornar investidor social e apoiar os dois projectos cotados na Bolsa de Valores Sociais no âmbito da Acção de Natal da Caixa: "Crescer dos 8 aos 80", da Associação Jerónimo Usera (AJU), e "Rir é o melhor remédio", da Operação Nariz Vermelho.Dois projectos que nos merecem a melhor das atenções...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pegaram no velho e fizeram arte...

O desafio era recolherem cadeiras velhas e construirem com elas uma mega árvore de Natal. A decoração ficaria composta com um mega cachecol.
A proposta assentava no princípio dos 4 Rs: reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar.
E eis que, no Agrupamento de Escolas D. Luís de Ataíde, a base ecológica juntou-se à boa vontade de todos, e à criatividade e mão-de-obra de alguns, e o resultado é o que pode ser visto na escola-sede: uma gigantesca e original árvore de Natal, que de noite se ilumina, e torna mais bonitos os dias de Advento na nossa cidade...é uma espera mais colorida e criativa, como deveriam ser os nossos pensamentos sempre que mais um fim-de-ano se anuncia e, com ele, os habituais balanços, expectativas e desejos para o ano novo, que insistimos em fazer...que saibamos dar uma nova vida, uma outra cor, aos nossos dias, como aqui aconteceu com as cadeiras.

PS- Parabéns a todos os que, de alguma forma, contribuíram para a construção desta árvore ;)
Fotos: Carlos Tiago

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mais logo, há poesia na Atouguia...

Paz na Terra aos homens de boa vontade...

Em 1950, o dia 10 de Dezembro foi proclamado, pela Organização das Nações Unidas, "Dia Internacional dos Direitos Humanos", com o objetivo de alertar os governantes de todo o mundo para o cumprimento da Declaração Universal e assegurar a igualdade de todos os cidadãos e todas as cidadãs, o direito a uma vida digna, o direito ao trabalho e à segurança, o direito à saúde e à educação, o respeito pela diversidade e pela dignidade de todas as pessoas.
Sessenta anos depois muito ainda está por fazer neste campo e, prova disso, são as cadeiras que hoje ficarão vazias em Oslo.
Aqui, em a.b.r.i.l, o dia assinala-se com o tema Peace all over the world - que é como quem diz, desejando paz para todo o Mundo- em mais um vídeo do projecto Playing for change, em que a voz de Robert Bradley ecoa nas ruas de Los Angeles...


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Natal Penicheiro 2010

Já teve início mais um Natal Penicheiro.

Hoje, abre a Exposição de Presépios, organizada pela pastoral da Fraternidade, patente no antigo pavilhão do Stella Maris, e ouvir o Coral Stella Maris em Concerto, na Igreja da Misericórdia, pelas 21h30.

sábado, 4 de dezembro de 2010

I've got dreams to remember...

....é o título da canção que quero partilhar hoje, popularizada por Otis Redding, aqui na versão Playing for change.Com o frio que está, apetece ouvir estas vozes quentes que nos embalam ;) Bom fim-de-semana!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poesia em Dezembro

A próxima sessão do projecto “A poesia anda por aí…” é já amanhã, dia 3 de Dezembro , pelas 21h30, na Escola Primária de Ferrel.
A poesia para crianças e a tradição oral (lengalengas, provérbios, ditos populares) serão a temática central desta sessão...

No próximo dia 10 de Dezembro a poesia andará pela Atouguia da Baleia, concretamente na Escola EB 2.3 de Atouguia da Baleia, pelas 21h30, numa sessão também aberta a toda a comunidade. Esta sessão encerrará a Feira do Livro que esta Escola irá promover, de 6 a 10 de Dezembro, e que todos estão convidados a visitar.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A solução é prevenir...

Assinala-se amanhã, dia 1 de Dezembro, o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA.
Em Peniche, à semelhança de anos anteriores, a Acompanha marca esta data com a realização da IV Caminhada da Luta Contra a SIDA cuja partida está marcada para as 10h00 na Praça Jacob Rodrigues Pereira. É também neste local que poderá fazer de forma gratuita e confidencial o seu rastreio ao HIV/SIDA. Durante a tarde haverá animação por conta dos grupos Tudanças e Beat Generation.
Apesar dos últimos dados da Onusida serem optimistas no que diz respeito à prevalência da doença nos países africanos, já quanto à Ásia e à Europa (sobretudo a de Leste) os dados não são animadores. No que diz respeito a Portugal, pode saber mais aqui.
Porque -ao contrário do que muito boa gente pensa- ninguém está totalmente imune, há que continuar a informar e sensibilizar toda a gente. E, porque "a solução é prevenir", junte-se a esta causa!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fundo Social Solidário

Felizmente que, em tempos difíceis, a solidariedade tende a aumentar. Prova disso foram as 3260 toneladas recolhidas a nível nacional na campanha do Banco Alimentar que teve lugar neste fim-de-semana: mais 30% do que em igual período do ano anterior.
E, porque estamos em tempo de Natal, é natural que outras campanhas e iniciativas solidárias vão surgindo.
Já aqui falei desta e desta e destas e hoje destaco a Campanha de Natal da Renascença, que este ano se destina ao Fundo Social Solidário. O Fundo Social Solidário é uma iniciativa da Igreja Católica que pretende responder a vários problemas (alimentação, saúde, habitação ou educação) ajudando, numa lógica de  proximidade, aqueles que são vítimas de situações de pobreza.
Para dar o seu contributo pode fazer o seu depósito na conta “Natal Renascença” (NIB - 0007 0000 00910080482 23 , do BES) ou, em qualquer caixa Multibanco, preencher os campos entidade e referência repetindo o número 7 e escolher a quantia que quer doar. 
Participemos na Campanha de Natal da Renascença e ajudemos a manter esta porta sempre aberta a quem mais precisa!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A minha agenda...

Quem me conhece sabe que sou nostálgica, por feitio, e não por defeito! Tenho imensas saudades de outros tempos, talvez porque tenha tido uma infância e adolescências felizes. Não  sei se isso se deve - em parte- a tê-las vivida nos anos 70/80, décadas de gloriosas memórias... São-no com toda a certeza, pelo menos para aqueles que as viveram, mas também para aqueles que nunca as tendo vivido já se aperceberam da magia dessas décadas através das músicas que permaneceram até aos dias de hoje, do brilho que fica nos olhos dos actuais trintões e quarentões quando ouvem falar em qualquer umas das séries televisivas que marcaram essa década (e muitos podiam ser os exemplos) e dos revivalismos saudáveis que regularmente acontecem.
Um bom exemplo disso é a  rubrica radiofónica do Markl na Comercial,  que deu origem ao célebre livro "Caderneta de cromos" (que estou a ler e que me faz rir às gargalhadas nalguns parágrafos); aos respectivos cromos com a imprescindível cola Cisne; ao espectáculo que infelizmente não fui ver; e, brevemente, a um jogo da Glória e a uma agenda....sim!Isso mesmo e ESSA mesmo: A minha agenda!...a lembrar A minha agenda da RTP, aquela que toda a gente a certa altura da segunda metade dos anos 80 teve. De certeza que, a esta altura, já algumas leitoras - sim, porque as meninas são mais dadas a estas coisas - estarão a trautear "a minha agenda! ...a minha agenda!"
Digam lá se não está O MÁXIMO!
Por isso, já que estamos perto do Natal, e porque também fui sempre uma miúda organizada ;) -que não dispensa a sua agenda- aqui fica o registo: eu quero A minha agenda da Caderneta de Cromos ;)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

E  amanhã é dia de FEIRA ;-)

"Pescas de Peniche…Passado, Presente, que Futuro?"

Na próxima 6ª feira, dia 26 de Novembro, pelas 17h30, tem lugar no Auditório dos Bombeiros Voluntários de Peniche uma sessão sobre o tema “Pescas de Peniche…Passado, Presente, que Futuro?”.
Este é o ‘tema de vida’ que tem vindo a ser desenvolvido pelo grupo de formandos do CEFA* ,na área de Operador/a de Manutenção Hoteleira, ao longo da sua formação, e neste dia farão a apresentação do material recolhido e das conclusões a que chegaram. Apareçam!

*Este Curso de Educação e Formação de Adultos está a decorrer na Cercipeniche e dará equivalência ao 6º ano.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ideia...a alimentar!

Tal como há um ano, aqui fica o apelo: no próximo fim-de-semana (27 e 28 de Novembro) não deixe de contribuir para o Banco Alimentar.
À porta de todos os supermercados de Peniche (e do país inteiro) estarão voluntários que lhe darão um saco, onde poderá colocar o que puder partilhar com outros que menos têm.
As ofertas recolhidas em Peniche serão depois canalizadas para a sede do Banco Alimentar do Oeste que, por sua vez, os fará chegar às instituições que - no terreno-  conhecem as necessidades e os necessitados de mais apoio a este nível e que, infelizmente, são cada vez mais.
Por isso, não deixe de colaborar e alimente esta ideia!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Modelo...a seguir!

Como é do conhecimento público abre, no final desta semana, o MODELO de Peniche. E este post não serve para o publicitar mas antes para sugerir que, caso a curiosidade vos leve até lá nos próximos dias -o que não é de estranhar- levem convosco (pelo menos) cinco euros (5€)!

Com 3€ podem comprar o CD da Leopoldina deste ano, dos quais 1€ reverte para a Missão Sorriso. Este ano o CD está cheio de músicas da nossa infância, reinterpretadas por grandes cantores portugueses, e nesta 8ª edição da Missão Sorriso o objectivo é continuar a ajudar as unidades pediátricas dos hospitais portugueses com a oferta de equipamentos: aqui podem ver os projectos a concurso.

Com os 2€ que restam podem ainda  contribuir para a Causa Maior do Modelo, adquirindo o livro Popota Show - Ao ritmo de uma estrela. Este é o 4º ano desta iniciativa, que o Modelo promove com o objectivo de combater o isolamento e a exclusão social dos séniores.Outra forma de contribuirmos para esta causa é ligar para o 760 100 100.O valor da chamada é de 0,60€ (+IVA), dos quais 0,50€ revertem para a Causa Maior.

Cinco euros com um destino feliz: para além de contribuir para estes dois projectos de responsabilidade social da Sonae, fica ainda com dois presentes para oferecer a duas crianças familiares ou amigas que, por norma, simpatizam com  a avestruz aventureira e com a "fashion" e musical hipopótama!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ao telefonar está a ajudar...

Associação Ajuda de Berço é uma IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social que tem como Missão o acolhimento de crianças abandonadas ou em situação de risco, desde que nascem até aos 3 anos de idade. Para além do acolhimento das crianças, os seus técnicos intervêm junto das suas famílias, de forma a que, quando possível, sejam encontradas soluções para estas voltarem a receber a criança. Mas, neste momento a Ajuda de Berço  corre o  risco de fechar por falta de verba.
Para ajudar basta um simples telefonema para o 760 300 410 que se "converte" em 60 cêntimos de ajuda ;) Não deixe para amanhã o que pode fazer agora...telefone!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O futuro de Portugal está no mar...

Comemora-se hoje o Dia Nacional do Mar.
Para assinalar a data, o Município de Peniche inaugura hoje às 18h00, no Edifício Cultural da C.M.P., a exposição “Celebração da Cultura Costeira”, que estará patente até dia 28 deste mês.

Por todo o país multiplicam-se iniciativas, o que não é de estranhar num país com 1187 Km de faixa costeira, em que 76% da população reside em áreas costeiras e em que cerca de 60.500 pessoas têm a sua actividade profissional ligada ao mar. Estes são alguns dos dados que podemos ler na revista Notícias Magazine (DN), do passado Domingo, onde o economista Poças Esteves diz em entrevista que "O futuro de Portugal está no mar."
Outra conclusão não seria de esperar do coordenador do estudo "Hypercluster da Economia do Mar", um plano com 95 medidas que propõe doze clusters, doze áreas de abordagem ao mar, com capacidade para gerar riqueza e tornar o país mais competitivo. Dos doze clusters identificados, quatro destacam-se pelo potencial que encerram:
- "portos, logística e transportes marítimos";
- "turismo naútico e navegação de recreio";
- "pesca, aquicultura e indústria do pescado";
- "energia, minerais e biotecnologia".
De facto, o Mar encerra um manancial enorme e tão diversificado que a partir dele podemos falar da (óbvia) pesca mas também de energias renováveis, cosmética, turismo, embarcações e transportes, investigação, conservação ambiental, etc, etc.
E se estamos num país rodeado de mar, que dizer da nossa terra? Se, quanto à pesca, Peniche já viu melhores dias, também é certo que o facto de termos na nossa terra a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) nos traz perspectivas animadoras no desenvolvimento de outros clusters acima identificados.
Assim saibamos viver o mar, neste cantinho por ele abraçado...  
E se ficou interessado neste estudo, pode lê-lo aqui

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dar a duplicar!

Já falei nesta iniciativa em 2008 e 2009 e volto a falar nela agora, porque já foi lançada a Campanha Presentes Solidários 2010. Este ano podemos ajudar comprando um (ou mais) deste presentes.
Para compreender um pouco melhor a Campanha podem ver o vídeo de apresentação abaixo. E não se esqueçam de participar...na certeza de que estão a dar a duplicar!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Depois de S. Martinho...Santo Estevão!

Pois é já este fim-de-semana (13 e 14 de Outubro) que a ilha do Baleal vê "recuperada" a sua Festa de Santo Estevão, depois de oito anos de interrupção.
Sábado (13) à noite há baile na ilha, com o duo musical Helder Crispim e no Domingo (14) as portas da Capela de Santo Estevão abrem-se para a celebração da eucaristia às 15h00, seguida de procissão em torno da ilha. Para terminar a festa, actua o Rancho Folclórico da Serra d'El Rei.
É sempre bom saber do ressurgimento destas festas cívico-religiosas, muitas vezes fruto da capacidade de alguns "carolas", que não querem deixar morrer a tradição.  
E já que estamos em "maré de santos", rezemos a S. Pedro e a Stª Bárbara para que dêem uma ajuda, já que as previsões meteorológicas não são lá muito animadoras ;)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Precisa-se de matéria prima para construir um País..."

O texto que se segue é grande e nem sequer é recente. Foi escrito em Agosto de 2007 por Eduardo Prado Coelho, entretanto falecido, para o jornal Público.
Mas vale a pena a sua leitura e consequente reflexão, nestes dias em que passamos a vida a falar de crise -ou das várias crises que nos atropelam- normalmente deitando as culpas para o "vizinho do lado" ou para as mais altas esferas da nação! Sentimo-nos todos um pouco desorientados, preocupados, desanimados...Este é um texto que nos interpela no sentido de pensarmos: o que é que EU posso fazer? Em que é que EU posso mudar? Não serei tambem EU, mesmo que numa escala mínima, factor de crise(s)?

"A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve.E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.O problema está em nós. Nós como povo.Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família
baseada em valores e respeito aos demais.Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL,DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a  erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.Qual é a alternativa ?Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados,
igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco,
de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO. E você, o que pensa ?... MEDITE ! "

Apesar de ter publicado este texto, por concordar com a maioria das coisas que nele estão escritas, ainda assim acredito que também tempos características positivas, enquanto portugueses, que (infelizmente) apenas manifestamos nas alturas mais difíceis. Espero que assim seja, nos tempos que se aproximam!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

RnR Station e Lena d'Água

No Sábado passado, Lena d´Água esteve ao vivo no cinema Nimas em Lisboa e os Rock n´Roll Station foram a banda suporte...
Não pude ir a Lisboa, mas adorei este registo fotográfico do momento e não resisti a publicá-lo aqui. (Há mais no Facebook ;)

Digam lá se os nossos amigos Pedro Cação, João Guincho e Paulo Franco (e a Lena, claro está, que às vezes parece que os anos não passam por ela...) não estão lindos?
Será que não dá para repetirem o encontro algures por estas bandas?
Foto: Rita Delille

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"Elementar, meu caro..."

Na revista Sábado desta semana, a entrevista chamou-me a atenção pelo título: "A escola mata a criatividade e não valoriza o talento".
O entrevistado, Ken Robinson (Sir Ken Robinson, na verdade),  é um ilustre investigador britânico, uma das maiores autoridades mundiais nas áreas da educação e da criatividade e esteve recentemente em Portugal a defender  que as artes e o estímulo da imaginação são tão importantes para os alunos do século XXI como os números e as letras.
Concordo plenamente com esta ideia e tenho pena que as artes não sejam de facto mais valorizadas na escola portuguesa. Haveria concerteza muito mais alunos motivados, porque poderiam dar aso aos seus verdadeiros gostos e talentos...

Por isso fiquei com muita vontade de ler "O Elemento", livro do autor, publicado em Portugal em meados de Outubro, em que ele defende a existência de um ponto em que o talento e a paixão se encontram - "o Elemento"- de cada um: algo para o qual temos aptidão natural e que nos dá real prazer fazer. E do desenvolvimento desse Elemento poderá depender uma vida mais feliz...
 Para além da aptidão e da paixão é ainda muito importante a atitude perante essa descoberta e a oportunidade para a desenvolvermos. E é aqui que a escola poderia dar uma franca ajuda...ou , pelo menos, não coartar o natural desenvolvimento do Elemento de cada um: "o lugar onde se faz aquilo que se quer fazer e onde se é a pessoa que sempre se quis ser."
E vocês? Já descobriram o vosso elemento?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O meu olhar é nítido como um girassol...

Quem me conhece sabe que tenho a mania das datas, sobretudo as de aniversário. Tenho facilidade em decorá-las e, por isso, é-me fácil parabenizar amigos e conhecidos.
Hoje é um dos dias em que esses parabéns se multiplicam e, especialmente para os aniversariantes de hoje (e do mês de Novembro...que são muitos!), deixo aqui este poema de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, in "O guardador de rebanhos":

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Oitavo poema do pescador

Este foi um dos poemas lidos na passada 6ª feira...


"Eu pescador que pesco por um instinto antigo
e procuro não sei se o peixe se o desconhecido
e lanço e recolho a linha e tantas vezes digo
sem o saber o nome proibido.


Eu que de cana em punho escrevo o inesperado
e leio na corrente o poema de Heraclito
ou talvez o segredo irrevelado
que nunca em nenhum livro será escrito.


Eu pescador que tantas vezes faço
a mim mesmo a pergunta de Elsenor
e quais águas que passam sei que passo
sem saber a resposta. Eu pescador.

 Ou pecador que junto ao mar me purifico
lançando e recolhendo a linha e olhando alerta
o infinito e o finito e tantas vezes fico
como o último homem na praia deserta.


Eu pescador de cana e de caneta
que busco o peixe o verso o número revelador
e tantas vezes sou o último do planeta
de pé a perguntar. Eu pescador.


Eu pecador que nunca me confesso
senão pescando o que se vê e não se vê
e mais que peixe quero aquele verso
que me responda ao quando ao quem ao quê.


Eu pescador que trago em mim as tábuas
da lua e das marés e o último rumor
de um nome que alguém escreve sobre as águas
e nunca se repete. Eu pescador."


(Manuel Alegre, in Senhora das Tempestades)