Hoje, reproduzo aqui um artigo publicado no Página 1- jornal online da Renascença- na sua edição de 14 de Dezembro. O texto, da autoria de Maria do Rosário Carneiro, intitula-se "O desafio da Esperança" e reflecte a opinião de muitos acerca do momento que o país vive.
"Neste tempo de Advento, o repto da esperança coloca-se de forma acrescida, interpelante, mais que nunca agitador de análises, comportamentos e acções. No entanto, para ter esperança é preciso acreditar, e para acreditar precisamos da verdade. Da verdade dos valores que nos orientam e aos quais somos fiéis, mas também da verdade dos factos, que nos esclarece e posiciona no contexto da acção necessária. Verdade que depende de cada um de nós, mas que exige também que quem gere a sociedade, administra recursos e acções seja verdadeiro com cada um de nós: para que possamos fazer parte, para que possamos analisar criticamente, para que possamos decidir de forma esclarecida e perspectivada o nosso futuro. Sacrifícios sem verdade são penalizações sem sentido onde é difícil encontrar o lugar da esperança. No passado domingo o átrio da Gulbenkian encheu-se de instrumentos musicais destinados a crianças de escolas moçambicanas para que estas pudessem também ter acesso à aprendizagem desta linguagem única que é a música. Fidelidade à solidariedade para com os mais desprovidos,esperança na verdade da proposta do projecto apresentado. No dia seguinte, o jornal “i”, ao mesmo tempo que desenvolvia os temas da nossa difícil actualidade, dos problemas dos nossos quotidianos e das dúvidas quanto aos nossos futuros,
interpelou-nos também com um número de factos positivos, em Portugal, estimulantes de uma postura mais afirrmativa e proactiva: narrativas de voluntariados possíveis, de descobertas indutoras de melhor saúde, de produções de grande qualidade. Num caso e no outro, o ponto de partida foi sempre a verdade dos factos sem a qual não se gera a confiança, nem se promove a esperança. A ausência de esclarecimento, impede o envolvimento e a co-responsabilização solidária,e contribui para uma percepção negativa e pessimista do porvir. E o que poderia ser desafio para a mudança, para a construção e para o crescimento, é pelo contrário promotor de desespero e fatalismo."
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