Quem me conhece sabe que tenho a mania das datas, sobretudo as de aniversário. Tenho facilidade em decorá-las e, por isso, é-me fácil parabenizar amigos e conhecidos.
Hoje é um dos dias em que esses parabéns se multiplicam e, especialmente para os aniversariantes de hoje (e do mês de Novembro...que são muitos!), deixo aqui este poema de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, in "O guardador de rebanhos":
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."
3 comentários:
...maravilha!
maria
Cá está A.b.r.i.l no seu contínuo beliscar do "pasmo essencial"...
Obrigado pelo poema.
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