No início deste fim-de-semana, um poema de António Gedeão intitulado "Poema da minha Natureza".
Há alturas em que não sabemos bem qual a nossa natureza! Não somos como as flores ou os animais, que vivem sem se pensarem...às vezes a vida não é tão fácil ou agradável quanto gostaríamos (ou será que somos nós que a complicamos?!?!). E nesses momentos, quando nos perguntam como estamos, a resposta não varia muito: "...vai-se andando!"
E as cores que patenteiam, por sua natureza,
só podem ser aquelas, e não outras.
Vermelhas, amarelas, cor de fogo,
lilazes, carmesins, azuis, violetas,
assim, e só assim,
tudo conforme a sua natureza.
Ásperas são as folhas, macias, recortadas,
ou não, tudo conforme;
e o aprumo como tal,
ou rasteiras, ou leves, ou pesadas,
tudo no seu dever,
por sua natureza.
É como os animais.
Em cada qual, por sua natureza,
Todo o dever se cumpre.
Comem, dejectam, dormem,
Fazem amor nas horas competentes,
Lutam, caçam, agridem,
Rosnam à Lua, trinam, assobiam,
Escondem-se, espreitam, fogem, amarinham,
Dançam, mudam de pele, agacham-se, disfarçam-se,
Tudo conforme a sua natureza.
Assim eu penso, e amo, e sofro, e vou andando.
Tudo conforme a minha natureza."
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