quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SONETO AO INVERNO

De VINÍCIUS DE MORAES, este "Soneto ao Inverno", antecipando a chuva de poesia de amanhã...



Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:


Quem és, que transfiguras as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?


Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma do céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!


Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?

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