terça-feira, 19 de junho de 2018

O pesadelo americano

Há coisas que me revolvem as entranhas como é o caso de notícias como esta , esta
Estamos a falar da mesma situação, que alguns ainda julgam ser casos encenados (vá-se lá saber porquê?!): a realidade e tristeza de centenas de crianças sul-americanas que são separadas dos seus pais na fronteira americana!Crianças de 1, 3, 5 anos!!! Já não basta a triste vida que esta gente têm nos países de onde provém...a triste vida que os faz pagar "a peso de ouro" a possibilidade de  travessia e entrada na América...o que penam nesse percurso, os riscos que correm (inimagináveis para qualquer um de nós)...como ainda chegarem à dita fronteira que tanto anseiam e serem-lhes retirados os filhos! 

Mas isto cabe na cabeça de alguém? Só pode caber mesmo nas cabeças de gente muito anormal que apenas vê leis para cumprir e fronteiras para guardar! Não conseguem ver seres humanos, que apenas tentam mais esta chance porque vivem em condições miseráveis nos sítios onde nasceram. 
Sítios em que, infelizmente, a miséria e/ou o narcotráfico determinam a sua sobrevivência e em que o presente e o futuro lhes parecem tão negros que conseguir entrar nos E.U.A. é a "luz ao fundo do túnel" ("googlem" lá  "narcotráfico méxico" e verão algumas imagens bem elucidativas da situação, que me escuso a publicar aqui para não ferir ainda mais suscetibilidades). 

Sou mãe e por isso notícias destas ainda me tiram mais "do sério". Mas ainda que não fosse! Será possível que esta gente não veja o mal que faz e ainda consiga ironizar com a situação? Se detêm os pais para avaliarem o seu repatriamento ou entrada no país, ao menos que os deixem ficar junto dos filhos.Porque retirar as crianças aos seus pais é com certeza pior que repatriarem uns e outros! Ao menos que no meio deste processo tenham o consolo da companhia 
e do amor dos seus. 

Não consigo imaginar o que será, para além de toda a indefinição sobre o futuro e de todos os procedimentos a que são sujeitos neste "fica?...ou volta para trás?", ainda o sofrimento de não saberem onde estão, e como estão, aqueles que mais amam!Porque não acredito que o sistema funcione e que não haja muitas crianças "perdidas" neste processo!Já para não falar nas consequências que isto tem nas próprias crianças...tão pequeninas e sujeitas a esta separação. 

Ninguém pode obrigar os E.U.A. a alojarem estes migrantes/refugiados (e não "criminosos", como agora são vistos). Mas com toda a certeza haverá quem possa obrigá-los ao mínimo de decência no tratamento destes seres humanos e ao cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos Direitos da Criança. 
Não acredito que uma lei nacional (ainda para mais tão contestada por tantos) possa prevalecer sobre as declarações universais de que o país em causa também é subscritor.

Infelizmente (bem sabemos) não é só nos E.U.A. que esta situação acontece! 

Infelizmente ainda há muita gente indiferente a tudo isto e/ou a julgar que se tratam de notícias falsas! 

Infelizmente pensamos sempre primeiro no nosso "umbigo" e só depois nos outros! 

Infelizmente ainda há muita gente por esse mundo fora que sofre horrores que nós nem conseguimos imaginar...porque, infelizmente, ainda há quem os consiga perpetrar! 

Infelizmente ainda há muito quem (sobre)viva numa vida de inferno, sem nunca vislumbrar o azul do céu! 

E quando leio notícias destas só penso: como é possível sobreviver assim? E relativizo tudo aquilo de que me queixo no rame-rame do dia-a-dia...na verdade, agradeço a vida que tenho! Só posso agradecer!
Mas, porque não sou indiferente, fica uma sombra a pairar entre mim e o céu azul que, felizmente, 
posso ver todos os dias. 
O mesmo céu que, para alguns, será sempre negro...
(sobretudo se a indiferença e o alheamento  venceram a empatia e a compaixão!)

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