quarta-feira, 19 de abril de 2017

Vacinação, jornalismo e fanatismos...

Uma das notícias do dia é a morte de uma adolescente, em virtude do sarampo contraído numa unidade hospitalar (Hospital de Cascais). A adolescente estava internada no dito hospital, com um diagnóstico inicial de mononucleose, tendo sido contagiada com sarampo por contacto com uma bebé de 13 meses, que não estaria vacinada (não se sabe se por opção familiar se apenas por atraso na vacinação, já que a vacina deve ser dada aos 12 meses). O estado da adolescente complicou-se -tendo desenvolvido uma pneunomia bilateral- e foi transferida para o Hospital da Estefânia, onde estaria a ser tratada, em isolamento. Segundo se sabe, a jovem não estaria vacinada contra o sarampo por em criança ter tido uma reação anafilática a uma outra vacina, porventura fruto de alguma falta de imunidade derivada de tratamentos para debelar um cancro, que teria tido em bebé. Ou seja: estamos a falar de uma adolescente com um historial clínico complicado desde bebé! 
Sei tudo isto porque ouço a RR, orgão de comunicação que, ao contrário de muitos, ainda faz um esforço por dar informação credível  e sustentada  aos seus ouvintes, em detrimento dos títulos sensacionalistas e algumas vezes infundados (quando se lê o corpo da notícia) que abundam por aí. 
E, tristemente, até o Expresso (jornal que tinha como referência de bom jornalismo) foi um dos que difundiu a notícia desta forma. O título "Mãe da jovem que morreu com sarampo é antivacinas" é altamente insensível para uma mãe que, independentemente de ser "antivacinas e adepta da homeopatia" viu a filha morrer! Crucifica uma mãe por opções que, sabe-se lá porquê, terá tomado, com toda a certeza, em prol do bem da sua filha. Porventura até por ser uma criança doente...por ter assistido a uma reação adversa (e assustadora para qualquer mãe, acredito...) à toma de uma vacina, por procurar alternativas aos meios convencionais de tratamento, sem descurar os tradicionais (na verdade, a jovem estava hospitalizada). 
Para que fique claro,o que me choca no meio disto tudo é a facilidade que temos em julgar e denegrir quem quer que seja, sem conhecer a verdade dos factos e os motivos de cada um. E a forma como a comunicação social e as redes sociais potenciam esta nossa irracionalidade! Convém esclarecer que, pela minha parte, e no que diz respeito ao assunto em questão:
-sou adepta da vacinação e acho que deveria ser obrigatória porque, mais do que uma questão individual ou familiar, é-o de saúde pública;
- sendo adepta dos meios convencionais de tratamento, não descarto os alternativos como complementares.
Agora:
- ABOMINO o jornalismo (se é que assim se pode chamar) sensacionalista e insensível;
- DETESTO  o jornalismo vazio, que explora até mais não uma notícia, sobretudo quando se trata de uma situação em que os sujeitos da notícia estão em sofrimento (seja por acidentes, incêndios, doenças, mortes ou outros infortúnios);
-PREOCUPO-ME COM OS FANATISMOS que se revelam nos comentários online, em que cada um julga ser o detentor da razão e todos os outros são energúmenos que podem ser maltratados por palavras e ações, esquecendo-nos que somos todos humanos, com direito a errar e a procurar aquilo que achamos ser melhor para nós e para os que amamos, sem que com isso façamos ou desejemos o mal de outros que fazem diferente de nós.

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