 A Associação de Acólitos de Peniche iniciou ontem mais uma semana de preparação para a sua festa anual, que culminará no próximo domingo.
A Associação de Acólitos de Peniche iniciou ontem mais uma semana de preparação para a sua festa anual, que culminará no próximo domingo. 
 
No programa da semana, ontem era dia de reflexão pessoal. A cada acólito foi entregue este texto, de que hoje dou eco, porque me parece fazer todo o sentido que muitos outros o possam ler, refletir...e fazer silêncio! 
 
Nesse texto alude a uma frase de Almada Negreiros, retirada de um poema seu, intitulado "Encontro", que também vos deixo aqui:  
Que vens contar-me 
se não sei ouvir senão o silêncio? 
Estou parado no mundo. 
Só sei escutar de longe 
antigamente ou lá para o futuro. 
É bem certo que existo: 
chegou-me a vez de escutar. 
Que queres que te diga 
se não sei nada e desaprendo? 
A minha paz é ignorar. 
Aprendo a não saber: 
que a ciência aprenda comigo 
já que não soube ensinar. 
O meu alimento é o silêncio do mundo 
que fica no alto das montanhas 
e não desce à cidade 
e sobe às nuvens que andam à procura de forma 
antes de desaparecer. 
Para que queres que te apareça 
se me agrada não ter horas a toda a hora? 
A preguiça do céu entrou comigo 
e prescindo da realidade como ela prescinde de mim. 
Para que me lastimas 
se este é o meu auge?! 
Eu tive a dita de me terem roubado tudo 
menos a minha torre de marfim. 
Jamais os invasores levaram consigo as nossas 
torres de marfim. 
Levaram-me o orgulho todo 
deixaram-me a memória envenenada 
e intacta a torre de marfim. 
Só não sei que faça da porta da torre 
que dá para donde vim.