Na passada sexta-feira, dia 13 de Junho, passaram 120 anos sobre o nascimento daquele que, para muitos, é o maior poeta português: Fernando Pessoa. Digo "é" porque os poetas não morrem, vivem na sua poesia...e o que dizer então de um que, não satisfeito em ter uma vida, escolheu multiplicar-se numas quantas mais?
Na pessoa de Fernando Pessoa (passe a redundância) disse, no poema Isto:
Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo.
Não.Eu simplesmente sinto com a imaginação.
Não uso o coração.
No célebre Livro do Desassossego assina Bernardo Soares e escreve:
Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.
Já como Alberto Caeiro avisa:
Se eu morrer muito novo, ouçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
E como Ricardo Reis prefere pensar assim:
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Encarnando Álvaro de Campos afirma:
Não sou nada.Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Nós, não duvidamos!Só assim se explicam tantas vidas numa vida que até não foi longa (faleceu a 30 de Novembro de 1935) mas que o foi o suficiente para nos deixar textos belíssimos que ainda hoje nos fazem pensar. E se pensam que ele não tinha consciência disso, desenganem-se...como Álvaro de Campos afirmou " A capacidade de pensar o que sinto que me distingue mais do homem vulgar do que ele se distingue do macaco. Sim, amanhã o homem vulgar talvez me leia e compreenda a substância do meu ser. "
Ainda estamos a tentar, Álvaro...ou será que devo dizer Fernando? Bernardo? Ricardo? Alberto?...Pessoa?