domingo, 21 de março de 2021

Um poema chamado "As Bibliotecas"...

 

HÁ UNS DIAS, NA SESSÃO DA COLO - COMUNIDADE ONLINE DE LEITORES DO OESTE, UM AMIGO  DEDICOU AOS BIBLIOTECÁRIOS PRESENTES UM BELO POEMA CHAMADO "AS BIBLIOTECAS"

HOJE É DIA MUNDIAL DA POESIA!

AMANHÃ REABRE A "MINHA" BIBLIOTECA...

Se mais nenhuma razão houvesse, estas são três boas razões para hoje partilhar convosco este poema :)

 

 

 AS BIBLIOTECAS *

Amo as bibliotecas

como sendo um roseiral

de rosas entreabertas

 

devoro o cheiro do perfume

dos seus estreitos corredores 

onde se encobrem os lumes

e as penumbras incertas

 

tomo o gosto ao seu ardor

de amores proibidos

entre as folhas dos romances

onde as flores se enfebrecem

Amo as bibliotecas

onde as palavras se tecem

no seu fulgor obscuro

 

passo as mãos nas prateleiras

toco no corpo dos livros

sinto nos dedos as histórias

e a loucura dos sentidos

 

beijo os versos restolhando

nos poemas incontidos

odes de insubmissão

sonetos de tempo ardido

 

Amo as bibliotecas

contendo cerne e invento

e a memória dos séculos

 

vou até ao seu silêncio, de filtros

de elixires e venenos encobertos

prelúdios de Alexandria

na haste do pensamento

 

e quando me sento a ler 

é como se já voasse

em motim e transgressão 

e em mim nada faltasse

 

Amo as bibliotecas

numa pressa insaciável

das suas Luzes despertas

 

das eternidades, das vidas

e das mentes inquietas

melancolia traçada pelas canetas

e as penas dos poetas 

 

lugares de absoluto

onde procuro e me perco

de harmonia e desatino

no nosso tempo encoberto

 

Amo as bibliotecas

com paixão e desatino

podendo morrer de amor

por dentro do seu destino.

 

* O poema "As Bibliotecas" é da autoria de Maria Teresa Horta e está inserido no livro Estranhezas, publicado em 2018 pela editora Dom Quixote.

 

Sem comentários: