"Ao longo dos últimos anos tenho vindo a ganhar mais respeito ao dia de
Sábado Santo.
É certo que sabemos o final da história:
a ressurreição. No entanto, tudo pode tornar-se demasiado artificial se apenas se celebra ou vive como cumprimento litúrgico.
a ressurreição. No entanto, tudo pode tornar-se demasiado artificial se apenas se celebra ou vive como cumprimento litúrgico.
Este dia é igualmente demasiado forte: fala-nos do vazio, do sem-chão, do luto. Mistura-se a desilusão, a ingratidão, onde possivelmente pode ter despontado a raiva e o ódio nos próprios discípulos: "porque o segui'"; "de nada serviu deixar tudo"; "ele enganou-me".
Também as memórias dos olhares, dos gestos, das palavras com autoridade de quem sempre quis a vida do outro.
Se os outros dias têm símbolos como o lava-pés ou a cruz, este nada tem a não ser o silêncio entre o desespero e a esperança de algo novo.
É um dia mais que racional, emocional.
Daí ser preciso estar atento aos "sábados santos" da vida.
Facilmente se pode cair na resignação. Encolhem-se os ombros e, anulando-se mais um pouco,o ser segue a vidinha. Contudo, a esperança da fé convida-nos a integrar os acontecimentos, por mais duros que sejam. Não é fácil, roçando o quase impossível por vezes.
Nos textos evangélicos, em dois vemos o despontar do que significa esta confusão de sentir.
Em S. Lucas, os discípulos de Emaús regressam desesperados.
Em S. João, Maria Madalena chora o desespero.
Em ambos,o Ressuscitado aparece sem que o reconheçam imediatamente. Pede-lhes para recontarem os acontecimentos. Hoje é o dia de luto.
Nos dias de luto estamos com o Ressuscitado, mesmo que não o sintamos.
Teologicamente falando, Jesus atravessa a mansão dos mortos, integrando em si a Vida."
PS_ Quem gostou das reflexões retiradas de "Rezar a vida" do Pe. Paulo Duarte, pode continuar a acompanhá-lo pela sua
página no FB.
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