quarta-feira, 15 de outubro de 2014

De volta às ditas "tradições académicas"...

Como já perceberam, pelo que escrevi aqui e aqui sou totalmente contra as praxes e contra qualquer tradição académica que, em vez de enaltecer a sabedoria e o conhecimento, faça sobressair a falta de educação e o lado mais acéfalo e animal dos "ditos" estudantes.
Ora vem esta conversa a propósito da bela cena a que assisti ontem em pleno centro da Cidade. Para começo, fui logo brindada (eu e todos aqueles que se encontravam por lá, nas esplanadas, no jardim público ou de passagem, como era o meu caso) com cânticos pontuados aqui e ali com meia-dúzia de asneirolas, entoados alto e bom som.
E logo de seguida começou o banho dos caloiros, que mais pareciam animais cercados...sentadinhos no chão, ali no meio da praça e rodeados dos caros colegas que supostamente ali estavam em prol da sua integração no meio estudantil. Farinha, água e mais uns quantos alimentos foram-lhes despejados em cima!!!
Pois que eu gostava de perceber -a sério que gostava- em que é que isto contribui para o bem ou para a felicidade de alguém? Duvido é que alguém mo consiga explicar...
Enfim,o resultado final é sempre o mesmo: praça imunda (como atesta a foto em anexo), à espera que os Bombeiros (que não devem ter mais nada que fazer, coitados...) venham lavar a praça com a água que supostamente deveria servir para apagar incêndios e que tanta falta faz em tanta parte! Desperdício de água e de outros géneros alimentares, caloiros que ficam parecidos a croquetes (ou algo bem pior) e muito garrafão despejado, concerteza...que isto ainda eram seis horas da tarde e parece que a festa se prolongou até bem tarde, com a malta (de copo na mão, como é da praxe) a fazer-se ouvir da pior forma pelas ruas da cidade. 
Ora, já não bastava a estupidez de atos como este (desprovidos de qualquer bom senso) e a crueldade e violência de outros tantos que todos os anos chegam aos conhecimento público, quando hoje me deparo com este post da Pipoca acerca da nova moda na tradição académica coimbrã. Ora leiam, que eu não diria melhor...e depois, se quiserem, digam de vossa justiça! 
E expliquem-me  -como se eu fosse muito burra- a quem, e a quê, estes atos dignificam. Se calhar também não é esse o objetivo. E eu é que sou mesmo muito burra por ainda não ter percebido isso...

3 comentários:

Carlos Tiago disse...

Não poderei estar mais de acordo. Todos os anos a mesma imagem. Acho que chega de tanta javardice. Pensam que estes putos sabem ou alguma vez vão saber o que é "tradição académica"? Já agora que também sou um pouco lerdo nestas coisas de """praxes""" quanto tempo é suposto durar? Finalmente estou de acordo com eles; as propinas são muito caras, os quartos alugados também, a comida, os livros, etc, etc. Afinal de onde vem este dinheiro para queimar deste modo?1114

Joaquim Herdeiro disse...

Para algo que não foi publicado aqui. O grande espetaculo noite solidária.
Já assisti a vários musicais no auditório do “Stella Maris” e quero dar os parabéns ao Sr Quim Zé e a toda a sua equipa que tanto tem feito pela cultura em Peniche.
Neste dia 11 o espetáculo foi muito bonito, no entanto, penso ser importante ressalvar que existe uma desproporcionalidade entre cantores e artistas.
O Vitor Marques canta bem mas já esteve melhor, talvez pelo facto de cantar tantas músicas e de uma forma exagerada em exprimir as melodias, (O espetáculo é praticamente todo dele).
Uma nota importantíssima para a cantora Carmen que canta divinamente bem, não desafina, tem presença e é detentora de uma lindíssima voz. Oxalá cantasse mais, pois dá gosto ouvi-la. Espero que o Sr Quim Zé não a perca de vista e não a deixe escapar pois em breve será convidada para outros lados e será uma perda incompreensível para quem assiste e gosta destes musicais.
Também as partes de comédia são muito engraçadas mas quase inexistentes. Uma palavra para o Sr Zé Manuel que representou de uma forma excelente, tem muito talento e esforça-se por manter o nível de qualidade na cena. Coisa que alguns dos intervenientes teimam em não fazer.

ângela m. disse...

Ora aqui está um registo fotográfico -https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1550940071804783.1073741837.1517607031804754&type=1- daquilo que tentei descrever no último post do blog a.b.r.i.l. que por aqui partilhei. Num outro álbum disponível na mesma página pode ler-se: "A praxe é isto:Amizade, divertimento, felicidade." De facto os caloiros parecem muito satisfeitos por serem tratados como burros,ficarem imundos, serem, obrigados a emborcar ovos crús e outras substâncias mais ou menos perigosas pela goela abaixo e, como se não bastasse, a tomarem banho nas águas "quentes e limpas" da nossa ribeira ou a receberem o batismo na ETA do Jardim Público, que assim é vandalizada "como quem não quer a coisa"...E essa aparente satisfação ainda é o que me entristece mais! Para mim, que estou de fora, a praxe é tudo menos "amizade, divertimento e felicidade!" Eu, cá para mim, só consigo ver: desperdício (de tempo e de alimentos); atentados à saúde dos próprios e ao património que é de todos; muita inconsciência e um nivelar por baixo que já não me devia surpreender, mas que não deixa de me preocupar quando penso que é esta juventude que (de uma forma geral) se irá sentar nos bancos da faculdade. E podem dizer-me agora: "Mas são jovens, é próprio da idade!" E pergunto-vos:"O que é que é próprio da idade? Esta satisfação por ser assim tratado? Esta falta de respeito pelos próprios e pelos outros? Esta capacidade de desperdiçar tempo e bens essenciais?...ou será que é mesmo a falta de consciência disto tudo?" Se assim é...fico ainda mais triste e preocupada! Claro que me fico com a minha tristeza e preocupação, naturalmente pouco valorizada pelos que, aparentemente, se divertiram com tudo isto...mas não posso deixar de a expressar!E a verdade é que sei que no meio destes jovens há alguns bem capazes de fazer coisas meritórias (porque os conheço) e que, ao contrário do que as imagens revelam, têm "meia-dúzia de dedos de testa"...Então,para quê sujeitarem-se a isto?Será que ficam realmente felizes e divertidos? Será que é isto que os vai integrar melhor no meio?Se assim é...tenho pena!E é coisa que, claramente nunca compreenderei!