(...) E, num louco voejar dentro de mim,
de quem, de não dormir,
sonhava que sonhava,
dei comigo, a
brincar, nos Remédios,
a ouvir, a aplaudir
e a sorrir
da ingenuidade do anjinho de um dos círios,
enfeitado de plumas,
luvas brancas,
a apregoar a loa do romeiros:
– A Senhora dos Remédios
que está
lá no seu altar,
foi ao
Farilhão e veio
para nos
vir visitar…
E o som da gaita de foles a voar
enchendo os ares tranquilos de alegria,
e a fantasia
do piar das gaivotas bailadeiras,
e o marulhar das ondas mensageiras
no seu arremeter contra os rochedos,
e os vivas, em alta voz,
dos peregrinos:
– Viva a
Senhora dos Remédios!
– Viva!
E ribombavam foguetes
ao chiar da gaita de foles
e aos gritos inocentes das crianças,
anunciando paz
e o renascer feliz de outras esperanças(…)
(excerto do poema "Sons da minha terra" de Mariano Calado)
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