“Despojado de tudo o que foste
coincides
com um propósito muito antigo
a vida
reencontrada em lugares inesperados”
Luís Falcão (1975-2015)
O Luís faria hoje 45 anos. Infelizmente, deixou-nos num dos primeiros dias do verão de 2015...
Deixou-nos é uma forma de expressão, talvez para aligeirar, evitando o termo "morreu". Porque, na verdade, ele não morreu!...continua vivo em cada um de nós que o conheceu e que não esquece a sua singularidade e a forma como essa maneira única de ser nos marcou!
Dir-me-ão: "Todos somos únicos!" E não discordarei! Mas haverá sempre quem deixe em nós uma memória mais forte, mais sublime... E não tenho dúvidas que o Luís era uma dessas pessoas com brilho próprio, inicialmente oculto numa timidez que lhe era tão característica.
Curiosamente, eu que sou de datas e efemérides, só hoje me apercebi da coincidência do Luís ter nascido no Dia Mundial do Cinema, ele que se licenciou em argumento cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde posteriormente foi professor (também o foi na na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes).
Para além de professor e argumentista, o Luís era ainda POETA...e talvez até seja essa a vocação que melhor se lhe colou à pele. Em 2007 publicou Pétalas Negras Ardem nos teus Olhos, pela Assírio Alvim e, postumamente, os livros Bruma Luminosíssima (2016) e Uma exigência de infinito (2017), ambos pela Artefacto Editora. Os seus poemas são curtos, depurados, melancólicos, premonitórios até...
Ora, as pessoas de quem temos boas memórias, deixam-nos saudade! Hoje matei saudades do Luís, e das nossas conversas, ouvindo esta palestra - nas CREATIVE MORNINGS, no Porto- que fez poucos meses antes de morrer. Partilho-a aqui para memória futura e para quem tenha ficado curioso ou queira matar saudades, como eu fiz.
Ainda que inicialmente pareça estar contra a criatividade e a inovação na Educação, se ouvirmos até ao fim (e são só 20 minutos) percebemos que, na realidade, está é contra a ignorância e o esquecimento. Os ritmos do nosso tempo, com as suas exigências imediatas e acríticas, roubam-nos o tempo para saber, para pensar, para fruir, para verdadeiramente criar a nossa identidade, a nossa história (enquanto indivíduos e cidadãos do mundo) que brota sempre de um passado que é preciso conhecer e compreender, mas que se constrói no dia a dia, até ao fim dos nossos dias...
Coloca ainda a tónica na RELAÇÃO e na importância de nos deixarmos "surpreender e espantar pela pessoa que temos à frente".
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