João Bonifácio Serra, Presidente do Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027 fez uma resenha do que foi o Congresso. De alguma forma, um teste em várias frentes a esta Rede Cultura. Realçou o facto das redes "não serem apenas instrumentos de comunicação, mas também espaços de criação e diálogo entre as diversas comunidades."
Defendeu ainda que "o mandato desta Rede não é trazer multidões que se atropelem, mas reforçar a generosa hospitalidade de quem partilha o que tem e escuta quem chega". Ou seja: a promoção da Identidade Cultural da Região e das suas dinâmicas interculturais, na continuidade e com a comunidade...em detrimento de um programa excecional mas pontual e efémero. Terminou a sua intervenção dizendo "O Congresso acabou. O Congresso continua", acentuando a dialógica e a continuidade de todo este processo.
*
Dele retive ainda duas pequenas histórias:
-a de uma personagem tão vesga que à 4ª feira olhava ao mesmo tempo para os dois domingos, ou seja: para o Passado e para o Futuro, para aquilo que queremos viver (projeto) mas também para aquilo que recordamos (memória)...ainda que, sempre, de pés assentes num Presente (aqui representado pela 4ª feira)!;
- a de dois comboios que seguiam em linhas paralelas mas com direções distintas e pararam na mesma estação. À janela de um estava um homem, numa janela do outro estava uma mulher. E o olhar que trocaram foi tão forte que quando os comboios arrancaram, fizeram-no na mesma direção! Esta pequena história recorda-nos essencialmente o seguinte: que o importante continua a ser a presença humana e o olhar humano!
*
Com uma vasta experiência em projetos de Arte Participativa e Comunitária, definiu este conceito de arte da seguinte maneira: a criação de arte, como um direito humano, por artistas profissionais e não-profissionais, cooperando para obter o nível e os propósitos artísticos que definiram conjuntamente, e cujo processo, produto e resultados não podem ser conhecidos de antemão.
Não confundir com educação artística nem tão pouco com terapia artística. Aqui o objetivo é criar uma obra de arte partindo da interação entre o artista que é profissional e as pessoas da comunidade, que ele nomeia igualmente artistas, por efetivamente serem criadores (com trabalho, opiniões, decisões...) e não meros participantes num projeto que outros definiram.
Esta interação traz diferentes recursos ao ato de fazer arte, com que todos ficam a ganhar...essa é uma das suas mais-valias. Dando vários exemplos concretos, realçou a forma como esta arte participativa/comunitária potencia a empatia, a inclusão, a valorização das pessoas e da comunidade no seu todo.
O Congresso terminou com um concerto da Orquestra Sinfónica de Thomar, a que apenas assisti online.
Quem estiver a ler estas linhas poderá ainda recordar este dia aqui, na página FB da Rede Cultura 2027.
Sem comentários:
Enviar um comentário