Foram uma das minhas leituras de adolescência...os Diários de Miguel Torga.
E foi lá que encontrei este "Só eu Sinto Bater-lhe o Coração", com que hoje assinalo o dia mundial desse órgão vital que nos bate dentro do peito e cujo simbolismo ultrapassa largamente a sua fisicalidade...
Dorme a vida a meu
lado, mas eu velo.
(Alguém há-de guardar este tesoiro!)
E, como dorme, afago-lhe o cabelo,
Que mesmo adormecido é fino e loiro.
Só eu sinto bater-lhe o coração,
Vejo que sonha, que sorri, que vive;
Só eu tenho por ela esta paixão
Como nunca hei-de ter e nunca tive.
E logo talvez já nem reconheça
Quem zelou esta flor do seu cansaço...
Mas que o dia amanheça
E cubra de poesia o seu regaço!
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