"Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos."
Chama-se ROTINA este pequeno poema de Eugénio de Andrade.
Foi a minha escolha hoje porque estes últimos dias de setembro, princípios de outubro, são sempre vistos como um "regresso à rotina"! Ainda que este ano a rotina seja outra - ou pelo menos com outras contingências- importa refletir sobre este conceito: será a rotina uma coisa boa ou algo que nos é imposto? Será que a rotina nos "mata" aos poucos? Desde sempre precisamos de rotinas...é certo! E, por vezes, sentimo-nos desorientados com a falta dela. Mas quem é que não gosta de, quando em vez, escapar à rotina dos dias?
Que ela exista com suas coisas boas (que as tem) mas que não nos roube a capacidade de encantamento, de espanto, de questionamento, de criação, de renovação...
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