quinta-feira, 22 de março de 2018

"A primeira e a terceira idade de braço dado"

É este o título da reportagem que há alguns dias voltou a circular no FB. Da autoria de Fernando Pessa (FP), foi filmada em Peniche em 1975 e tem como tema central o Lar de Santa Maria, com sua vertente de crianças e idosos. 

Julgo que já  a tinha visto antes, mas só hoje a ouvi atentamente...e que bom foi voltar a ouvir o Sr. Prior: a sua voz e todas as suas sábias palavras! Nunca tive dúvidas da sua clarividência, da sua audácia, do seu vanguardismo. Já escrevi muito sobre ele e julgo que nunca será demais (se tiverem paciência releiam este post). É que ao ouvi-lo nesta entrevista mais uma vez é claro que conviver com ele foi um dos maiores privilégios da minha vida e tê-lo como pároco durante 60 anos foi uma das melhores coisas que podia ter acontecido a Peniche.  

Recordo que esta reportagem tem 43 anos e, partindo da história do Lar de Santa Maria (que este ano assinala o seu 60º aniversário), já na altura era claro para Monsenhor Bastos que: 
- um Lar era um mal-menor mas um mal: o natural seria as pessoas poderem ficar nas suas casas e em família;

- não podendo, era então de criar um lar que realmente o fosse, um "sucedâneo da vida familiar"...sem regulamentos, sem horários, em que todos concorrem para  o seu bom funcionamento na medida das possibilidades de cada um, sentindo-o como sua casa..."os que podem devem dar aos que mais precisam";

- assim sendo, o Lar deve ser misto: senhoras, homens, casais, crianças...o convívio geracional é fundamental (...e assim foi nascendo este lar...uma "experiência" como tantas outras que o Sr. Prior não temeu levar por diante com a sua fé, o seu altruísmo, a sua sabedoria);

- era ainda necessário ocupar as pessoas (os idosos e os mais novos) com atividades manuais, lúdicas e de aprendizagem: daí o Lar já ter uma terapeuta ocupacional e nas suas imediações funcionar uma Escola Aberta e uma Escola de Rendas de Bilros. 

Quase no final da entrevista (aos 22:42 min.) FP pergunta-lhe, fruto das suas deslocações à emigração, o que perspetiva acerca do futuro. A resposta dada há 43 anos vai de encontro ao que hoje assistimos. É a resposta de um homem atento aos outros e aos sinais dos tempos, como conheceremos poucos ao longo de uma vida... 

PS_ não deixem de ver a reportagem (aprende-se muito em pouco mais de 23 minutos) 

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