segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Quadras de Aleixo

A 18 de fevereiro de 1899 nascia, em Vila Real de Santo António, o poeta popular António Aleixo. Cento e quatorze anos depois, aqui ficam algumas das suas quadras, sempre tão atuais...

Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.

Que importa perder a vida
Em luta contra a traição,
Se a Razão mesmo vencida,
Não deixa de ser Razão?  

Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço

Enquanto o homem pensar
Que vale mais que outro homem,
São como os cães a ladrar,
Não deixam comer, nem comem.

O mundo só pode ser   
Melhor do que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

Eu não sei porque razão 
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.
 
Para não fazeres ofensas  
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.
 
Quando os homens se convençam 
Que a força nada faz,
Serão felizes os que pensam
Num mundo de amor e paz.
 
Não sou esperto nem bruto,  
Nem bem nem mal educado:
Sou simplesmente o produto
Do meio em que fui criado.
 
Queremos ver sempre à distância 
O que não está descoberto,
Sem ligarmos importância
Ao que está à vista e perto.



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