quarta-feira, 20 de junho de 2012

VERÃO

Sejas bem-vindo,
 verão do nosso contentamento...
independentemente de chegares com má cara!
Para te saudar, aqui fica um trecho de um poema do Pessoa,
na pessoa de Alberto Caeiro, 
in O Guardador de Rebanhos:

XXII


Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que isso é senti-lo...

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