quarta-feira, 29 de junho de 2011

Uma nova esperança...

Hoje reproduzo aqui um artigo de opinião de Maria do Rosário Carneiro, publicado ontem no Página 1, o jornal online da Renascença.Intitula-se "Uma nova esperança"...

Temos um Governo novo – um Primeiro-ministro,onze ministros, trinta e cinco secretários de Estado,uma Assembleia da República presidida pela primeira vez por uma mulher. O país respira um clima de alguma esperança, ajudado por uma comunicação social expectante, e ainda apaziguada. Contudo, nem o nosso futuro depende exclusivamente desta nova equipa, nem a trágica situação em que nos encontramos foi da exclusiva responsabilidade dos que nos governaram até há quinze dias.
Dizendo de outra forma, a esperança que agora timidamente vivemos não é uma simples resultante da ação dos outros, não é uma expectativa que se concretiza ou não em virtude de forças alheias. Para que a esperança que agora desponta seja “a virtude estratégica dos tempos trágicos”, expressa nas sábias palavras proferidas pelo Cardeal Poupard já há cerca de vinte anos, cada um de nós tem também que se assumir como ator do seu futuro, e do futuro comum.
E tal como esperamos que os novos governantes sejam prudentes, sábios e efi cientes, também nós temos de mudar comportamentos para que as nossas ações sejam elas também mais prudentes, sábias e eficientes.Desde logo, adquirindo uma consciência de cidadania activa, adoptando uma postura participante em total ruptura com a tradicional posição de treinador de bancada, comentador de bastidores ou simples utente dependente: o outro é o meu próximo, e é com o próximo que se vive e se tem uma relação partilhada, se tecem os laços de solidariedade, se constrói a comunidade, se lançam as sementes da confi ança, se funda o bem comum.
Vivemos, sem dúvida, tempos dramáticos de incertezas, de expectativas que se não cumpriram, de medos tremendos porque nos sentimos sozinhos. Mas vivemos também tempos raros de oportunidade de nos redescobrirmos como seres de relação com irrecusáveis responsabilidades na construção comum: porque temos consciência e somos responsáveis, porque estudamos e trabalhamos, porque amamos o nosso próximo e com ele somos solidários e assim fazemos com que a esperança seja a virtude estratégica na construção laboriosa e exigente do nosso futuro.

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