Falo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, mais conhecido como ANTÓNIO GEDEÃO. Não passou a barreira dos 100 anos mas passou a dos 90, tendo deixado este mundo a 19 de Fevereiro de 1997. Quanto aos seus poemas, esses, permanecem! E hoje, aqui fica mais um -Fala do Homem Nascido - neste blogue assumidamente fã da poesia do cientista-poeta:
"Venho da terra assombrada,
do ventre de minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar."
1 comentário:
Lindo poema!!!
Já algumas vezes cantado...mas sempre lindo...Obrigada... mais um maravilhoso poema guardado na minha pasta de poemas.
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