Ainda não tinha deixado aqui nenhum poema de Sophia de Mello Breyner Andresen. Hoje fui buscar este Caderno II...
Caderno de capa preta de oleado
E que um amigo recolou com amor e paciência,
De novo se ergue em minha frente a clara
Parede cal do quarto matinal
Virado para o mar e onde o poente
Se afogueava denso e transparente
E a sonâmbula noite se azulava.
Ali o tempo vivido foi tão vivo
Que sempre à própria morte sobrevive
E cada dia julgo que regressa
Seu esplendor de fruto e de promessa.
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