A propósito da belíssima Árvore da vida* que a D. Ida Guilherme idealizou e executou em renda de bilros (na imagem que ilustra este post), e que tive oportunidade de ver ontem ao vivo, aqui fica (mais) este POEMA DAS ÁRVORES de António Gedeão:
"As árvores crescem sós.
E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a pouco se
levantam do chão,
se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos,
e os ramos outros ramos,e
deles nascem folhas,
e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas,
vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores,
e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.De dia e de noite.Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores."
E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a pouco se
levantam do chão,
se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos,
e os ramos outros ramos,e
deles nascem folhas,
e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas,
vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores,
e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.De dia e de noite.Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores."
*Esta árvore é também uma homenagem da D. Ida a todas as mulheres, como pode ser lido aqui. E a prova de como se podem fazer trabalhos inovadores em renda de bilros de Peniche, sem desvirtuar as técnicas tradicionais.
4 comentários:
Mesmo sendo um inconcusso admirador do Gedeão, desta vez passei o post a olhar para a imagem, digna do título do post anterior.
Lindo! Onde é possível ver tão maravilhoso trabalho ao vivo? Seria uma informação útil.
Obrigada.
maria
Maria, por enquanto o trabalho não está exposto ao público, mas pode ser que venha a estar daqui a algum tempo. Assim que souber que está, darei notícia.
Obrigada pela prontidão da resposta.
maria
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