Hoje trago-vos um trecho do capítulo "Os nós e os laços familiares" de Rezar a vida, de Paulo Duarte, SJ:
"O papa Francisco fala e recorda muitas vezes a família, pela sua importância estrutural na sociedade (...) As famílias devem ajudar as pessoas a crescer por si mesmas, com sentimento de pertença, sim, mas, sobretudo, vivendo com aquilo que são. Só assim as pessoas crescem individualmente mas também com um sentido comunitário, de que são unos e parte de um todo maior, composto por todos nós, e onde, juntamente, somos chamados a ser e fazer parte.
É também com a ajuda das famílias que aprendemos a identificar e conquistar o nosso lugar no mundo. Não o lugar que a família nos destina, aquele que seguimos por destino ou tradição, mas aquele que nos cabe por vocação, missão e paixão. Nós não podemos ser reduzidos ao que fazemos, mas o que fazemos tem muito de nós.
Assistimos hoje a uma quebra dos laços familiares, por um lado, e a uma abertura do conceito de família, por outro.
Em sentido positivo, as famílias alargam-se porque encontram lugar para novos laços.
As novas relações dos casais que se divorciam, os filhos que, entretanto, nascem e passam a ter irmãos que vieram antes, as famílias que, na melhor das hipóteses, se fundem e passam a ser uma só.
Num sentido negativo, e durante os anos em que fui professor, pude assistir a uma desagregação dos laços entre pais e filhos, em muitos casos mantendo o lado funcional do amor, mas obliterando o gesto, o toque, o abraço. No fundo, a linguagem universal do afecto.
Portanto, sim, é importante a Igreja apoiar o indivíduo mas é igualmente importante trabalhar a família, para que possamos tomar consciência da responsabilidade que temos na relação uns com os outros. É na vida de todos os dias que isto se faz, na abertura da Igreja a todos, porque o quotidiano fala muito mais do que imaginamos. A vida faz-se muito mais dos pormenores do que dos grandes temas."