
Por isso, hoje, partilho aqui um artigo sobre livros e leituras, que escrevi (literalmente) há meia dúzia de anos para a revista PAIDEIA, editada pela Escola Secundária de Peniche.
Aviso desde já que é um post longo, para compensar a ausência dos últimos dias :) Espero que gostem...
"Foi-me pedido que escrevesse um artigo que falasse de livros, de um livro que tivesse lido e aconselhasse.

Desde que me
lembro, que gosto de livros. Na infância eram os contos tradicionais em livros
de papel e de pano (daqueles com as folhas recortadas), a “Anita” (de que
recordo particularmente os títulos “Anita no ballet” e “Anita e a festa das
flores”) e pouco mais.
Depois vieram “Os
cinco” (de Enid Blyton) e a “Patrícia” (de Julie Campbell) com os seus
mistérios por resolver e consequentes aventuras.
Neste entretanto, muitos dos desenhos animados que me encantavam eram também personagens literárias: caso de Tom Sawyer (da obra de Mark Twain) e dos três mosqueteiros (do livro homónimo de Alexandre Dumas) …mas julgo que, na altura, não tinha consciência disso. Lembro-me ainda de ter lido, com estas idades, “A princesinha” de Frances Hodgson Burnett, uma história sobre as reviravoltas que a vida por vezes dá e a importância que tem a forma como as encaramos.
Nesta
fase já frequentava a Biblioteca
Municipal e Calouste Gulbenkian sediada no Largo do Município e era aqui
que encontrava sempre bons e novos
motivos de leitura. Foi assim que, durante a adolescência, “dei de caras”
com Miguel Torga (e os seus diários), António Alçada Baptista, David
Mourão-Ferreira e Vergílio Ferreira, quatro autores portugueses de quem li
muitos textos no início da juventude. Começou também aqui a minha relação
preferencial com os autores latino-americanos, nomeadamente Gabriel
Garcia-Marquez e Isabel Allende.

E é ainda nesta
fase que descubro a beleza da poesia:
para além de Torga e Mourão-Ferreira, encontro António Gedeão, Florbela
Espanca, Fernando Pessoa e José Gomes Ferreira.
Sendo aluna de
humanísticas fizeram parte do rol de leituras
obrigatórias, no Secundário, entre outras: “Os Maias”, do Eça, que gostei
bastante de ler; “As viagens na minha terra”, de Garrett; e “Eurico, o
presbítero”, de Alexandre Herculano, que confesso não ter conseguido ler!

De há uma dúzia de
anos a esta parte, tantos quantos os de trabalho na Biblioteca, muitos são os livros e autores que se têm cruzado no meu caminho.
Pessoalmente, gosto de reler os autores que já citei acima e fui descobrindo
outros que me dão prazer ler, como é o caso da italiana Sveva Casati-Modignani,
do francês Guillaume Musso ou da portuguesa Rosa Lobato de Faria, entretanto
falecida.

Tenho vindo também
a descobrir um outro mundo maravilhoso que é o da literatura dita “para a infância”, mas que habitualmente tem o
condão de encantar “miúdos e graúdos”, com obras manifestamente interessantes
ao nível do texto e da ilustração.

E há livros com
som, livros com cheiro, livros com texturas, livros em pano, papel ou plástico,
livros interactivos…

Livros e leitura…um
tema que daria “pano para mangas” que é como quem diz muitas linhas mais… Mas,
para não cansar o leitor, fico-me por aqui. Espero, pelo menos, que este texto
tenha servido para motivar outras tantas leituras, sobre as quais não há que
fazer juízos de valor, como tanto gosta uma certa elite intelectual. O que verdadeiramente importa é ler!
Porque ler é não estar só, é aprender, é saber, é viajar, é imaginar, é criar…é
tantas coisas quantas os leitores quiserem que seja. Não temo o seu
desaparecimento, porque acredito que nenhuma nova tecnologia tem o condão de o
substituir, ou não fosse o livro um objeto mágico: poderoso, encantatório,
belo e transformador!"
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