quarta-feira, 1 de julho de 2009

Paraíso

Hoje deixo-vos no "Paraíso" possível...o de David Mourão-Ferreira (1927 - 1996):

"Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir.
Só te aconselho que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,

entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso."

Sem comentários: