De vez em quando lá surgem nas redes sociais certos desafios "em cadeia". Por norma não costumo alinhar nestas correntes mas eis que, com uma diferença de poucas horas, dois amigos desafiaram-me a partilhar no FB dez álbuns que tenham marcado o meu gosto musical.
Efetivamente, neste desafio a dificuldade não é eleger dez álbuns que achamos que devam ser ouvidos...e tanto assim é que me dei ao luxo de partilhar vinte e, ainda assim, muitos artistas de que gosto, genuinamente, ficaram de fora. A dificuldade maior é mesmo encontrar quem aceite o desafio de dar continuidade...
É suposto publicarmos apenas a capa do disco, sem explicações, nem preocupações de ordem cronológica.
Mas eu, que gosto de fundamentar as minhas escolhas, pensei logo à partida que este post havia de ser feito.
Então aqui vai o porquê das primeiras 10 escolhas.
O resto fica para amanhã...para não vos maçar ;)
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No 1º dia escolhi
A Imitação da vida de Maria Bethânia e
Viagens de Pedro Abrunhosa.
O primeiro porque sou uma fã incondicional de Maria Bethânia e, neste seu álbum, como em muitos outros, a música é intercalada com poesia primorosamente dita pela própria. Neste caso em concreto o poeta escolhido é Fernando Pessoa, o que ainda me fascinou mais.
Este álbum de Bethânia representa nesta seleção musical de 20, para além da própria (que considero a melhor voz atual do Brasil) tantas outras influências musicais
e artistas brasileiros que ouço e admiro.
De Pedro Abrunhosa escolhi o Viagens por ter sido o 1º álbum que lançou...mas podia ter escolhido qualquer outro. Sou fã do músico, letrista e compositor que é, e são muitas as músicas dele que não me canso de ouvir! Neste Viagens, lançado quanto eu tinha 20 aninhos, destaque para o maravilhoso "Lua" e para o hit "Tudo o que eu te dou".
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Ao 2º dia, o Dá-me lume - O melhor de Jorge Palma e o Concerto no Central Park de Simon & Garfunkel.
Jorge Palma porque é um dos meus músicos portugueses preferidos e este álbum lançado em 2000 é um best-off das suas músicas até à data.
Destaque para "Só" ou "A gente vai continuar".
Quanto a Simon & Garfunkel representam aqui o folk rock que eu aprecio.
Este "Concerto no Central Park", lançado em 1982, reúne as suas músicas mais emblemáticas, de que destaco
"Bridge over troubled water" e "The sound of silence".
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E chegados ao 3º dia temos
Brothers in arms dos Dire Straits e
O melhor de António Variações.
O primeiro é claramente uma referência da minha adolescência. Lançado em maio de 1985 é daqueles álbuns que me faz viajar no tempo. Destaque para a voz e o virtuosismo musical de Mark Knopfler e para dois temas quase opostos:
o alegre "Walk of life" e o melancólico "Brothers in arms".
Sobre Variações não há muito a dizer! Os leitores do blogue já sabem do meu fascínio por esta personagem sem igual no panorama musical português.Eu tinha 9 anos quando Variações morreu e 23 quando este álbum saiu. Hoje, aos 45, continuo a admirar o génio...e a deliciar-me com músicas como "Estou além" ou "O corpo é que paga".
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Ao 4º dia destaque para o boss
Bruce Springsteen e os seus Greatest hits
e para os Resistência e o seu Mano a mano.
Bruce Springsteen porque é daqueles músicos que emanam boas energias! Voz rouca, presença carismática, melodias a contento e uma vitalidade impressionante em palco... Lançado em 1995, deste Greatest hits destaco o contagiante "Glory Days" e o introspetivo "The river".
Já a Resistência também dispensa grandes apresentações.
Coletivo de músicos provenientes de algumas das melhores bandas portuguesas da altura, marcaram o dealbar da década de 90 com as recriações musicais de temas próprios ou de músicos como Zeca Afonso ou
António Variações.
Depois do 1º álbum -Palavras ao vento- este Mano a mano veio confirmar a aposta e ficaram no ouvido as suas versões de temas como "A noite" ou "Amanhã é sempre longe demais".
Estiveram em Peniche em agosto último e é incrível perceber que, passados quase 30 anos, mantém uma legião fiel de fãs!
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E a meio do desafio, o 5º dia trouxe Queen e Silence 4.
Os primeiros com o duplo álbum Greatest hits
porque é daquelas bandas incontornáveis, cujas músicas atravessam gerações...o rock pop no seu melhor.
Os Silence 4 porque foram um daqueles fenómenos a que poucos ficaram indiferentes: lançado em 1998, Silence becomes it foi um sucesso de vendas de que destaco
"Eu não sei dizer" e Borrow".
A carreira da banda foi curta mas David Fonseca (o elemento mais mediático da banda) continua a dar cartas, tendo-se revelado um dos mais completos artistas portugueses das últimas décadas e um verdadeiro animal de palco, como comprovou no concerto que em setembro passado deu aqui em Peniche.
(continua...)