No domingo de manhã ao ler em rodapé "57 mortos e 59 feridos" o meu primeiro pensamento foi "Mais um atentado!".
Só depois me apercebi que desta feita a arma era um fogo impiedoso que lavrava no meu país, no distrito em que habito! Habituados que estamos aos fogos que chegam com o calor, não estamos de todos habituados a que ceifem vidas desta forma! E foi esse o choque inicial...
Depois de tudo o que se disse (e diz) pouco há a acrescentar. A verdade é que ninguém deve(rá) ficar indiferente ao que se passa no centro do nosso país...por tudo aquilo que o fogo levou para sempre, de casas a árvores, de memórias a locais...e, sobretudo, pelas vidas perdidas.
Não importa para já saber de quem é a culpa (talvez um pouco de todos nós)...embora importe sempre refletir sobre o que na nossa vida comum mudou, naquilo que em sociedade se alterou nas últimas décadas e que, apesar de um suposto progresso, sabemos agora ser um retrocesso...e perceber até que ponto podemos reverter ocupações do território, comportamentos e modos de vida, para um futuro mais ecológico e sustentável para todos, quer vivamos no litoral ou no interior, em zona urbana ou rural, em Portugal ou noutro local do globo.
A verdade é que estes acontecimentos têm sempre o condão de nos fazer pensar e sentir para além daquilo que nos permitimos no dia-a-dia corrido que vivemos.
Se, aparentemente, nada de bom trazem consigo, levam-nos a valorizar o que temos e a partilhar com quem mais precisa porque -humanos que somos- acabamos inevitavelmente a identificarmo-nos com quem sofre...
"E se fosse eu?" - é a pergunta que inevitavelmente fazemos.
Felizmente (desta vez) não fomos nós, mas foram outros como nós: com as suas famílias, com as suas casas, com os seus trabalhos, com os seus lugares e bens de uma vida!
Porventura, poderia este texto dissertar ainda sobre a cobertura mediática que é feita por estes dias. Bem sabemos que grande parte das vezes as perguntas são descabidas, os limites éticos ultrapassados, a dignidade de mortos e sobreviventes posta em causa. Também haverá, é certo, muitos jornalistas a fazer um bom trabalho dentro daquilo que lhes é possível. E exemplo disso é este artigo do Público, que resume o que já foi feito, e o que cada um de nós pode ainda fazer, para ajudar as vítimas desta tragédia e quem, no terreno, a tenta mitigar.
Localmente, também o Quartel dos Bombeiros Voluntários de Peniche está a rececionar bens (águas, águas com gás, fruta, barras energéticas, bolachas, enlatados, roupas...)
Naturalmente, aos Bombeiros e a todos os que trabalham incansavelmente para diminuir o sofrimento de outros tantos, aqui fica um Bem-haja! pela coragem e pela forma como dão (verdadeiramente) de si!
Nunca conseguiremos agradecer suficientemente o bem que fazem, tantas vezes com prejuízo da própria vida...