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"Entre Quinta e Sexta-feira Santas"
"Senhor, todas as vidas cabem na imagem quotidiana, quase trivial, do pão que se parte e se reparte.
As vidas são coisas semeadas, crescidas, maturadas, ceifadas, trituradas, amassadas: são como pão. Não apenas degustamos e consumimos o mundo: dentro de nós vamos percebendo que o mundo também nos consome, nos gasta, nos devora.
Somos uma massa que se quebra, um miolo que se esfarela, uma espessura que diminui.
A questão é saber com que consciência, com que sentido, com que intensidade vivemos este tráfico inevitável. Todos nos gastamos, certo. Mas em que comércios?
Todos sentimos que a vida se parte.
Mas como tornar esse facto uma forma de afirmação fecunda e plena da própria vida?"
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