quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Presépios...e um Santo Natal!

Nesta semana do Natal e, apesar de todo o consumismo, dos credos de cada um, das particularidades deste ano  e de todas as formas de encarar esta época, não há como negar que é a família que está no centro das atenções por estes dias...particularmente uma família: a Sagrada Família constituída por Jesus, Maria e José. 

O Presépio é o cenário, por excelência, do Natal, a representação do nascimento de uma criança que muitos creem ser Filho de Deus. Reza a história (ainda que com algumas variantes) que foi São Francisco em 1223, em Greccio- Itália, que pela primeira vez "encenou" um presépio, tendo nele a manjedoura e os animais um lugar central, como forma de realçar a humildade de um Deus que se quis fazer Homem e vir ao mundo num estábulo. Se quiserem saber um pouco mais sobre este presépio leiam aqui

Não restam dúvidas é que, ao longo dos séculos, o Presépio é umas das cenas mais representadas na arte -e no artesanato- um pouco por todo o mundo, e que há mil e uma formas e materiais para o recriar.

Esta introdução vem a propósito de ecos que vão chegando, sobre o Presépio este ano instalado na Praça de S. Pedro (Vaticano) e sobre a contestação, e até algum repúdio, que tem gerado. Confesso que me entristece esta postura de acharmos que só aquilo que é ao nosso gosto é que é bom! As coisas são, na maioria das vezes, muito mais do que aquilo que nos é dado ver...e é o caso concreto deste presépio. 

Apreciações estéticas à parte, gostemos mais ou menos das figuras que o constituem, que nos cause alguma estranheza ver um astronauta ou um carrasco representados num presépio...não é isso que mais importa. 
Importa é tentar entender a história que está por trás daquelas figuras de cerâmica, que alguns consideram horrendas, feias, disformes...
E, se quisermos, ficamos a saber que este presépio foi criado entre 1965 e 1975, por alunos do  Instituto de Arte "F.A. Grue" sediado em Castelli (Teramo- Abruzzo- Itália), naturalmente influenciados pelo curso da sua história contemporânea e nomeadamente pela ida do homem à Lua, pela abolição da pena de morte, pelo ecos do Concílio Vaticano II (entre outros acontecimentos marcantes)...que é um presépio que já esteve exposto em vários locais da Terra Santa...que configura uma visão diferente da tradicional, daquela a que estamos habituados, mas nem por isso menos digna ou verdadeira! 

Quando não nos agrada a aparência há que entender a essência.
 Já dizia Saint-Éxupery n'O Principezinho:
 "O essencial é invisível aos olhos".

E esta mensagem não é obviamente acerca de presépios, mas sim de tudo aquilo que nos é dado viver. Nestes tempos de crítica fácil e em que a  empatia está em crise, olhemos para a HUMILDADE, para a SIMPLICIDADE e para o AMOR que são a mensagem central do Presépio e transportemo-la para a vida!

Com esta reflexão e a diversidade de presépios que ilustram este post, desejo a todos os que me leem por aqui, um 

SANTO NATAL!

                                                                                   

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Há músicas (muito) boas de ouvir! CLV

          A escolha de hoje é uma música de Cuca Roseta chamada "Luz do Mundo"...um tema bem apropriado para este tempo de Advento que vivemos.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Artes e letras na TV

Tendo em conta que "artes" e "letras" são dois dos temas que este blogue tem na sua génese, deixo hoje aqui duas sugestões televisivas, programas  que tenho vindo a acompanhar e que se enquadram nestas temáticas. 

O primeiro já não está a passar em televisão, mas tem todos os episódios disponíveis na RTP PLAY: 

aqui podem ver "ISTO É ARTE". E acreditem que vale a pena! São 12 programas de 50 min., extremamente dinâmicos e apelativos, com o multifacetado e entusiasta Ramon Gener ao comando. 

 *

O segundo começou a passar há duas semanas e tem vindo em dose dupla: os primeiros 4 episódios já foram para o ar. 

Chama-se  “HERDEIROS DE SARAMAGO”
e é um conjunto de documentários, com cerca de 30 min. cada, que no fundo são 
pequenos registos biográficos dos escritores que venceram o Prémio José Saramago. 

E, pessoalmente, tem sido interessante conhecer um pouco da história de vida e dos hábitos quotidianos destes escritores contemporâneos que escrevem em português. 

O programa está a passar na RTP 1 às Segundas-feiras à noite,  mas todos os episódios estão já disponíveis aqui, na RTP PLAY.  

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Há músicas (muito) boas de ouvir! CLIV

Não é segredo para ninguém que Hallelujah, um original de Leonard Cohen, é uma das minhas músicas de eleição. E ontem ouvi uma nova interpretação deste tema, a do tenor italiano Andrea Bocelli, que aqui partilho...

    

Malgrado alguma estranheza inicial, o vídeo de apresentação deste single que integra o novo álbum de Bocelli - BELIEVE - acaba por comover...pela música, pela dança, pelo cenário e por todo o simbolismo. A arte e a beleza sempre a resgatarem-nos da realidade pura e dura da vida quotidiana...

 

BELIEVE é nas palavras do músico "um disco que fala ao espírito, levando como presente ao ouvinte, nas minhas intenções, um incentivo a encontrar a sua dimensão interior e a escutar-lhe as razões" - um álbum cujo conceito assenta em três palavras fundamentais: Fé, Esperança e Caridade!

A propósito de BELIEVE, sugiro a leitura desta pequena entrevista que Andrea concedeu ao diário italiano Avvenire e que está traduzida, ainda que com algumas incorreções, na página do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, aqui. A quem preferir a versão original, aqui fica.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Canções, textos e condecorações...

Hoje acordei com uma música de Jorge Palma a ecoar cá dentro! 

Nada de estranho até agora porque, como já assumi neste meu cantinho, JP é um dos meus músicos de eleição. Na verdade pareceu-me até o pretexto certo para dar conta da mais recente distinção recebida por JP: na passada 3ª feira foi condecorado Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. 

Malgrado o contexto pandémico em que vivemos (com todas as consequências nefastas conhecidas),  2020 tem sido um ano particularmente festivo para JP: assinalou os 45 anos da edição do primeiro álbum “Com uma viagem na palma da mão” (1975); em Junho celebrou o seu 70º aniversário; em setembro recebeu a Medalha de Mérito Cultural da Câmara de Lisboa e, em novembro, vê mais uma vez o seu mérito reconhecido com esta condecoração presidencial.

O meu amor existe foi a música que hoje acordou comigo! Deixo-a aqui, numa versão acompanhada pela Orquestra Clássica da Madeira, orientada pelo maestro Rui Massena (a música propriamente dita começa aos 00:55).

 

 Já agora, dizer-vos que neste dia 17 -para além de Jorge Palma- Marcelo Rebelo de Sousa distinguiu ainda:

- a escritora e jornalista Alice Vieira  como Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública (condecoração que reconhece “altos serviços prestados à causa da educação e do ensino”);

- e, a título póstumo, o artista António Variações como  Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (tendo a distinção sido recebida por Jaime Ribeiro, um dos irmãos do músico). Curiosamente, O melhor de António Variações é o que tem andado a rolar, ultimamente, no leitor de cds do carro :) Variações é outro dos meus artistas eleitos!

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

(...)o mar, na minha terra, é ao fim da rua!

Neste Dia Nacional do Mar, um poema de Mariano Calado, que tem o mar no nome e na alma. 

Chama-se A MINHA TERRA:

"A minha terra tem o mar à volta,

a minha terra tem o mar ao fundo.                 

A minha terra veste-se de mar,     

o mar na minha terra é o seu mundo.


Na minha terra vive-se no mar, 

que o mar, na minha terra, é ao fim da rua.   

Na minha terra morre-se no mar   

porque é no mar que a vida continua."

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Há músicas (muito) boas de ouvir! CLIII

A de hoje é um original do brasileiro Dorival Caymmi, aqui interpretada por Salvador Sobral, acompanhado ao piano por Júlio Resende. 
Chama-se "Nem eu"...
 
 

"... O amor acontece na vida 

Estavas desprevenida e por acaso eu também 

E como o acaso é importante, querida

De nossas vidas a vida fez um acaso também ..."

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Luís


“Despojado de tudo o que foste

coincides

com um propósito muito antigo

a vida

reencontrada em lugares inesperados” 

                       

                            Luís Falcão (1975-2015)

 


O Luís faria hoje 45 anos. Infelizmente, deixou-nos num dos primeiros dias do verão de 2015...

Deixou-nos é uma forma de expressão, talvez para aligeirar, evitando o termo "morreu". Porque, na verdade, ele não morreu!...continua vivo em cada um de nós que o conheceu e que não esquece a sua singularidade e a forma como essa maneira única de ser nos marcou!

 

Dir-me-ão: "Todos  somos únicos!" E não discordarei! Mas haverá sempre quem deixe em nós uma memória mais forte, mais sublime... E não tenho dúvidas que o Luís era uma dessas pessoas com brilho próprio, inicialmente oculto numa timidez que lhe era tão característica.

 

Curiosamente, eu que sou de datas e efemérides, só hoje me apercebi da coincidência do Luís ter nascido no Dia Mundial do Cinema, ele que se licenciou em argumento cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde posteriormente foi professor (também o foi na na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes). 

 

Para além de professor e argumentista, o Luís era ainda POETA...e talvez até seja essa a vocação que melhor se lhe colou à pele. Em 2007 publicou Pétalas Negras Ardem nos teus Olhos, pela Assírio Alvim e, postumamente, os livros Bruma Luminosíssima (2016) e Uma exigência de infinito (2017), ambos pela Artefacto Editora. Os seus poemas são curtos, depurados, melancólicos, premonitórios até...

 

Ora, as pessoas de quem temos boas memórias, deixam-nos saudade! Hoje matei saudades do Luís, e das nossas conversas, ouvindo esta palestra - nas CREATIVE MORNINGS, no Porto- que fez poucos meses antes de morrer. Partilho-a aqui para memória futura e para quem tenha ficado curioso ou queira matar saudades, como eu fiz.

 

 

Ainda que inicialmente pareça estar contra a criatividade e a inovação na Educação, se ouvirmos até ao fim (e são só 20 minutos) percebemos que, na realidade, está é contra a ignorância e o esquecimento. Os ritmos do nosso tempo, com as suas exigências imediatas e acríticas, roubam-nos o tempo para saber, para pensar, para fruir, para verdadeiramente criar a nossa identidade, a nossa história (enquanto indivíduos e cidadãos do mundo) que brota sempre de um passado que é preciso conhecer e compreender, mas que se constrói no dia a dia, até ao fim dos nossos dias... 

Coloca ainda a tónica na RELAÇÃO e na importância de nos deixarmos "surpreender e espantar pela pessoa que temos à frente".