O "L" deste meu A.B.R.I.L. é dedicado às letras mas, vistas bem as coisas, tenho escrito pouco sobre o tema.
Por isso, hoje, partilho aqui um artigo sobre livros e leituras, que escrevi (literalmente) há meia dúzia de anos para a revista PAIDEIA, editada pela Escola Secundária de Peniche.
Aviso desde já que é um post longo, para compensar a ausência dos últimos dias :) Espero que gostem...
"Foi-me pedido que escrevesse um artigo que falasse de livros, de um livro que tivesse lido e aconselhasse.
Por isso, hoje, partilho aqui um artigo sobre livros e leituras, que escrevi (literalmente) há meia dúzia de anos para a revista PAIDEIA, editada pela Escola Secundária de Peniche.
Aviso desde já que é um post longo, para compensar a ausência dos últimos dias :) Espero que gostem...
"Foi-me pedido que escrevesse um artigo que falasse de livros, de um livro que tivesse lido e aconselhasse.
É certo que ao
longo da vida já foram muitos os livros
lidos (embora haja, de longe, quem leia muito mais do que eu); que o meu contacto com eles é diário, até
pela profissão que tenho; e não há dúvida que adoro livros….mas escolher um é tarefa quase impossível! Por isso,
optei por escrever sobre a minha relação
com os livros e como este objecto me encanta.
Desde que me
lembro, que gosto de livros. Na infância eram os contos tradicionais em livros
de papel e de pano (daqueles com as folhas recortadas), a “Anita” (de que
recordo particularmente os títulos “Anita no ballet” e “Anita e a festa das
flores”) e pouco mais.
Depois vieram “Os
cinco” (de Enid Blyton) e a “Patrícia” (de Julie Campbell) com os seus
mistérios por resolver e consequentes aventuras.
Neste entretanto, muitos dos desenhos animados que me encantavam eram também personagens literárias: caso de Tom Sawyer (da obra de Mark Twain) e dos três mosqueteiros (do livro homónimo de Alexandre Dumas) …mas julgo que, na altura, não tinha consciência disso. Lembro-me ainda de ter lido, com estas idades, “A princesinha” de Frances Hodgson Burnett, uma história sobre as reviravoltas que a vida por vezes dá e a importância que tem a forma como as encaramos.
Nesta
fase já frequentava a Biblioteca
Municipal e Calouste Gulbenkian sediada no Largo do Município e era aqui
que encontrava sempre bons e novos
motivos de leitura. Foi assim que, durante a adolescência, “dei de caras”
com Miguel Torga (e os seus diários), António Alçada Baptista, David
Mourão-Ferreira e Vergílio Ferreira, quatro autores portugueses de quem li
muitos textos no início da juventude. Começou também aqui a minha relação
preferencial com os autores latino-americanos, nomeadamente Gabriel
Garcia-Marquez e Isabel Allende.
A par
dos livros, surge o interesse por outro tipo de leituras -a de jornais e,
sobretudo, de revistas. Nesta fase não dispensava a leitura do Sete, semanário cultural com artigos sobre cinema,
música e teatro, que saía às quintas-feiras!
E é ainda nesta
fase que descubro a beleza da poesia:
para além de Torga e Mourão-Ferreira, encontro António Gedeão, Florbela
Espanca, Fernando Pessoa e José Gomes Ferreira.
Sendo aluna de
humanísticas fizeram parte do rol de leituras
obrigatórias, no Secundário, entre outras: “Os Maias”, do Eça, que gostei
bastante de ler; “As viagens na minha terra”, de Garrett; e “Eurico, o
presbítero”, de Alexandre Herculano, que confesso não ter conseguido ler!
Durante a Faculdade
marcou-me particularmente um livro, sugerido pelo Prof. Jacinto Godinho: “A
vida depois de Deus” de Douglas Coupland -o autor do célebre “Geração X”- um livro com uma estrutura “leve”, quase em
jeito de diário, com pequenas mas profundas reflexões sobre a vida, a morte, o
amor, o dia-a-dia…
De há uma dúzia de
anos a esta parte, tantos quantos os de trabalho na Biblioteca, muitos são os livros e autores que se têm cruzado no meu caminho.
Pessoalmente, gosto de reler os autores que já citei acima e fui descobrindo
outros que me dão prazer ler, como é o caso da italiana Sveva Casati-Modignani,
do francês Guillaume Musso ou da portuguesa Rosa Lobato de Faria, entretanto
falecida.
Gosto destes
autores, como outras pessoas gostam de Nora Roberts, Nicholas Sparks, Jodi
Picoult, Philippa Gregory ou Ken Follett, só para citar alguns dos escritores
mais procurados na Biblioteca.
Tenho vindo também
a descobrir um outro mundo maravilhoso que é o da literatura dita “para a infância”, mas que habitualmente tem o
condão de encantar “miúdos e graúdos”, com obras manifestamente interessantes
ao nível do texto e da ilustração.
E por mais dias que
passem, e livros que me passem pelas mãos, nunca me canso de ler, de querer
estar a par das novidades editoriais, de leituras diagonais também…que o tempo não estica e não dá para ler tudo
aquilo que por um ou outro motivo gostaria de ler. Porque, se até agora, tenho
falado essencialmente de poesia e literatura de ficção, a verdade é que há livros sobre tudo. Livros sobre arte
ou ciências aplicadas, livros sobre jardinagem ou trabalhos manuais, livros de
cozinha, de psicologia, de desporto, de história. Livros que nos ensinam, que nos divertem, que nos guiam, que nos
elucidam sobre este ou aquele assunto. Livros que contam vidas –as chamadas
biografias, que também gosto particularmente de ler- e inspiram outras tantas
vidas!
E há livros com
som, livros com cheiro, livros com texturas, livros em pano, papel ou plástico,
livros interactivos…
Na verdade é-me difícil imaginar a minha vida sem livros
e julgo que o próprio mundo não seria o mesmo sem este objecto. A propósito,
recordo uma colecção de livros, recentemente lançada com o jornal Público,
intitulada Livros que mudaram o mundo:
conjunto de 20 livros do qual faziam parte títulos como “A Origem das
Espécies” de Darwin, a “Bíblia”, “O Contrato Social”
de Rousseau ou o “Alcorão”.
Livros e leitura…um
tema que daria “pano para mangas” que é como quem diz muitas linhas mais… Mas,
para não cansar o leitor, fico-me por aqui. Espero, pelo menos, que este texto
tenha servido para motivar outras tantas leituras, sobre as quais não há que
fazer juízos de valor, como tanto gosta uma certa elite intelectual. O que verdadeiramente importa é ler!
Porque ler é não estar só, é aprender, é saber, é viajar, é imaginar, é criar…é
tantas coisas quantas os leitores quiserem que seja. Não temo o seu
desaparecimento, porque acredito que nenhuma nova tecnologia tem o condão de o
substituir, ou não fosse o livro um objeto mágico: poderoso, encantatório,
belo e transformador!"
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