quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Estes tempos difíceis...



Assinala-se hoje o Dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto.  
A verdade é que nunca será demais lembrar esta realidade que marcou os anos 40 do século passado. Não é uma realidade distante, passaram-se pouco mais de 70 anos e a verdade é que, quando nos confrontamos com testemunhos desses dias ainda nos custa a crer que tanta violência, tanta irracionalidade, tanto ódio tenha permitido tantos horrores como os perpretados nesses anos. 
Infelizmente, em pleno século XXI, um pouco por todo o mundo, continuamos a assistir a cenas de tortura, violência sexual, fome, repressão,discriminação racial...

A história volta a repetir-se e a verdade é que não são coisas que acontecem apenas aos outros ou distantes no tempo e no espaço.  Mais uma vez é a Europa que habitamos que se vê confrontada com estas questões. Neste tempo complexo e difícil que vivemos, não são os judeus que estão em causa, mas os sírios e outros que procuram refúgio. 

Sabemos que a crise está instalada, não só a nível financeiro mas também de valores, quando países como a Dinamarca (que temos em conta, como até sendo um povo e uma sociedade evoluídos) aprovam leis como a aprovada ontem: a nova Lei do Asilo. 


Dirão alguns que só estão a querer preservar o bem que têm! Talvez! E será isso mais importante que acolher seres humanos em sofrimento, fazendo-os sofrer ainda mais? 
Recordo que a lei permite a confiscação dos bens dos que procuram asilo, num valor superior a 1340€/10.000 coroas dinamarquesas (vá-se lá saber porquê este valor! Se o valor de um ordenado mínimo na Dinamarca?!?) e dificulta a reunificação familiar dos refugiados. 
Não vou entrar em questões políticas porque não é a minha praia ...mas que isto me faz muita confusão, faz! 

Às vezes sinto que vivemos numa verdadeira selva, onde a lei é a da sobrevivência e a do mais forte. Os outros, os que fogem da guerra e já perderam tudo (ou quase) podem ser espoliados até do pouco que ainda têm...inclusivé da dignidade que, pela sua humanidade, lhes devia assistir!Como se houvesse seres humanos de primeira e outros de segunda ou terceira categoria. Como se a Terra que habitamos não fosse de todos!Como se o medo do outro -que é diferente de mim- fosse superior à solidariedade que lhe devo por ser um ser humano como eu. Como se a diferença racial , religiosa, política -ou outra- fosse sempre negativa e sinal de problemas e conflitos!Confesso que estes são tempos que me afligem!

Espero que dias como o que hoje se celebra sirvam ao menos para nos pormos na pele dos outros, daqueles que sofreram e continuam a sofrer atrocidades que, por mais que as imaginemos, somos incapazes de lhes sentir o real horror. 

E se fôssemos nós???A perder familiares, casa, terra...a sermos humilhados e violentados das mais diversas formas! A passarmos fome, a termos de andar quilómetros e quilómetros para chegar a um outro país onde é suposto recomeçar do zero...Ou a enfiarmo-nos num barco com maior certeza de morrermos na travessia do que a de chegar a terra firme...A verdade é que sinto que já estivemos mais longe. E isso arrepia-me!

Sendo uma pessoa de fé, resta-me pedir a Deus que nos livre de semelhante realidade...sabendo que, ironicamente, é precisamente em nome de um deus que muitas vezes surgem estes conflitos.
Mas, como disse Anne Frank: "Apesar de tudo ainda acredito na bondade humana!"

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