segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Acordai!

Tenho pouco jeito para o comentário político! E política é um daqueles assuntos que nem gosto de debater! De qualquer forma não consigo ficar indiferente aos resultados das Presidenciais de ontem. É verdade que o dito cujo ficou àquem dos objetivos a que se propôs: ficar em segundo lugar e haver uma segunda volta que pudesse disputar.            Mas continuam a ser assustadores os resultados que conseguiu e o discurso que fez, cheio de diretas e indiretas. 

Não sou apologista de extremos (sejam eles de que tipo forem) e assusta-me este crescendo...É só olhar uns anos para trás e ver a história (infelizmente) a repetir-se!      A demagogia; a sobranceria; a megalomania; os tiques de vedetismo; a vitimização; o ataque fácil a todos os que o confrontam (venham eles de onde vierem);  a invocação de uma missão divina, qual "Salvador da Pátria"; o discurso populista, prometendo "dar ao povo o que é do povo!", entre outras coisas que o povo gosta de ouvir; o ar de gozo e a manifesta satisfação em ridicularizar os adversários; as contradições!!!...está tudo lá!          É só olhar com olhos de ver!

Não me alongarei no texto, até porque, mais uma vez, fui à ARTE buscar o alívio para esta inquietude que não me larga. Acredito que seja o suficiente para perceberem o que me vai na alma! Deixo-vos com ACORDAI! uma composição de Fernando Lopes Graça sobre poesia de José Gomes Ferreira. É uma  das chamadas  "Canções Heróicas", intemporal na qualidade melódica e lírica, mas conotada com uma época precisa: datada de meados dos anos 1940, a sua mensagem é implicitamente de alerta e luta contra a ditadura do Estado Novo. Oitenta anos depois renova a sua atualidade: não vivemos numa ditadura, é certo, mas praticamente 47 anos depois de abril de 74 a ameaça de uma é
(infelizmente) real! ACORDEMOS!!!


 
 Acordai
(Canção Heróica)


Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

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