quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Luzes e sombras

Esta época do ano é propícia a balanços e a votos bons. Para além das tradicionais "Boas Festas" temos desejos de muito amor, paz e saúde para todos! A verdade é que sabemos bem que dificilmente assim será! Que, cada vez mais, por esse mundo fora, a maioria dos seres humanos vive sem amor, sem saúde e sem paz! 
Ora, nunca como este ano, senti esta inquietação tão forte: esta sensação de tristeza e temor pelos dias que se vivem e pelos que vêm aí. Bem sei que sempre houve guerra, violência, fome, injustiças, morte, doença e dor...Bem sei que sempre vai haver! E não as sinto mais por acontecerem em Berlim, Paris ou Madrid. Por isso nunca me viram publicar um "Je suis..." ou colorir o meu perfil com as cores da bandeira de outro país (sem menosprezo para quem o fez, que cada um sente as coisas à sua maneira). Vivemos num mundo simultaneamente belo e assustador, e temos cada vez mais noção disso! E não podemos ficar indiferentes! Paradoxalmente penso que bom seria que a minha veia otimista sobreviesse, e que me conseguisse alhear dos males do mundo  para viver - como noutros anos- a magia própria deste tempo do Natal, em que tudo parecia ganhar contornos de luz, esperança e harmonia. 
Mas a verdade é que este ano não me consigo sentir assim!  Mesmo não vendo os noticiários televisivos (que é o meu caso) é impossível não estar a par dos muitos cenários de guerra e terror espalhados pelo mundo. E temer que os próximos sejamos nós! E mesmo que isso não aconteça - e se Deus quiser, não acontecerá- não há como ficar indiferente a todo o sofrimento que grassa por aí! Independentemente da compreensão que tenhamos dos factos -e das posições que possamos ter acerca deles- o que sobressai é sempre o sofrimento de tantos que (na maioria das vezes) não tem culpa de nada: homens e mulheres, anciãos e crianças que são apanhados nos conflitos -nascidos de interesses que não são deles- dos quais não conseguem escapar.
Desculpem-me o post "negro" de hoje...deve ser influência da chegada do inverno e deste que é o dia mais curto do ano. A verdade é que esta inquietude não me agrada e tende a melhorar quando escrevo: sinto que o alinhavar das palavras me acalma e organiza o caos interior que sinto. Por isso, hoje decidi partilhar estas palavras...Sabendo de antemão que as palavras que escrevo servirão de pouco! O mundo vai continuar a ser um local escuro, mesmo que, a partir de hoje, no hemisfério em que habito, ganhemos uma hora de luz por dia! Noutras partes do mundo continuará a imperar a escuridão e a faltar a paz, o amor, a saúde, a harmonia, a esperança e a luz próprias deste Natal que - ironicamente, ou não!- no hemisfério em que habito, acontece no inverno!
Também sei que o verdadeiro Natal celebra o nascimento Daquele que disse ser "a Luz do Mundo" (Jo 8, 12)...e que, apesar de todas as sombras, como cristã, é minha missão acreditar nessa Luz e difundi-la...mesmo naqueles dias em que não consigo ver o lado bom da vida e naqueles dias (que também são muitos) em que sou egoísta, insatisfeita e ingrata! 

Sem comentários: