terça-feira, 9 de junho de 2015

10 de junho

É dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. 
Para o assinalar deixo-vos com um poema de Camões - "Verdes são os campos!"-  musicado e cantado por Zeca Afonso e com um poema de Ary dos Santos intitulado "O amigo que eu canto..." 


Desde quando nasci
Que o conheço e lhe quero

Como a um irmão meu
Como ao pai que perdi,
Como tudo o que espero.


É um homem que tem o condão da doçura
No sorriso de água, nos olhos cansados,
É metade alegria, é metade ternura
Nas palavras cantadas, nos gestos dançados,
Nos silêncios magoados.

Tem um rosto moreno
Que o inverno o marcou
E apesar de ser forte,
É um homem pequeno
Mas maior do que eu sou.

Tem defeitos, é certo. Como todos nós.

Sonha, às vezes demais,
Fala, às vezes no ar

Mas quando dentro dele a alma ganha a voz
É tal como se fosse o som do nosso mar,
Se pudesse falar...

Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Foi capaz de sofrer,
Foi capaz de lutar,
È capaz de ganhar
E perder.

É um amigo meu que às vezes me ofende
Mas que eu sei que me escuta,
Que eu sei que me ouve
E também compreende.
Quantas vezes lhe digo que tenha juízo,
Que a mania dos copos só lhe faz é mal,
Que a preguiça não paga e que o trabalho é preciso.
Ele encolhe-me os ombros num desprezo total,
Este tipo é assim, mas...

Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Qual o nome final
Deste amigo que eu canto?
Pois é claro que é
Portugal.

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